Com recuo de 5,4% na produção no terceiro trimestre, frente ao registrado no intervalo imediatamente anterior, a indústria gráfica brasileira registrou o oitavo trimestre consecutivo de resultado negativo nessa base de comparação. Diante disso, a Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) confirmou a nova expectativa para o desempenho do setor em 2013, de queda de 5,6%, ante projeção inicial de retração de 2,4%. Para 2014, a Abigraf reiterou a expectativa de queda mais suave na produção da indústria, de 1,7%.
De acordo com o presidente da associação, Fabio Arruda Mortara, o setor editorial continua sofrendo com forte concorrência de mídia importada e de outras mídias, o que teve impacto importante sobre a produção da gráficas brasileiras neste ano. “O setor de embalagens é o único que vai muito bem”, afirmou Mortara. Essa área responde por cerca de 40% do Produto Interno Bruto (PIB) do setor.
Apesar da queda na produção, os investimentos da indústria gráfica nacional permaneceram acima de US$ 1 bilhão em 2013 – de janeiro a novembro, alcançaram US$ 1,08 bilhão, ante US$ 1,13 bilhão em igual período de 2012. “Isso representa uma importante atualização tecnológica do parque gráfico”, afirmou Mortara.
Principais beneficiados
Sobre a previsão para 2014, Mortara afirmou que a nova legislação eleitoral, ainda mais restritiva, pode prejudicar a indústria gráfica e “a própria democracia”. “Há retrocessos muito grandes”, afirmou. Contudo, diante da realização de dois grandes eventos, Copa e eleições, o setor tem esperanças de chegar ao fim de 2014 com resultado melhor do que a previsão oficial calculada neste momento.
O aumento do déficit comercial também preocupa a indústria. De janeiro a novembro, segundo o Departamento de Estudos Econômicos da Abigraf, as exportações das gráficas alcançaram US$ 258,8 milhões de toneladas. Já as importações totalizaram US$ 511,9 milhões no mesmo período. Com isso, no acumulado dos onze meses do ano, o saldo comercial foi negativo em US$ 253,1 milhões, 6% acima do verificado no mesmo intervalo de 2012.
Conforme a associação, o segmento editorial, que compreende livros e revistas, tem puxado as compras externas do setor e foi responsável por 33% das importações até novembro. “China [28%], Hong Kong e Estados Unidos [com 15% cada] foram os principais beneficiados com essas importações”, informou a Abigraf. A indústria gráfica emprega mais de 220 mil funcionários no país.
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Stella Fontes, do Valor Econômico