Uma plataforma digital para que as ideias cheguem ao leitor em qualquer parte do mundo. Com esse objetivo nasce TheWorldPost, uma iniciativa conjunta do instituto de reflexão política dirigido por Nicolas Berggruen e de Arianna Huffington, criadora do The Huffington Post, um dos diários digitais de maior audiência. É, essencialmente, um novo porta-voz para que as pessoas mais influentes do planeta, e também as que não são tão notórias, manifestem suas opiniões e comentários. O início desse novo meio de comunicação será celebrado dentro de duas semanas, durante o Fórum Econômico de Davos.
O portal contará com as contribuições do presidente dos EUA, Barack Obama, assim como da chanceler alemã, Angela Merkel, e do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. Os leitores encontrarão também as reflexões do filantropo e fundador da Microsoft, Bill Gates, do Dalai Lama e de Elon Musk, fundador da fabricante de carros elétricos Tesla e da companhia espacial privada SpaceX.
Ainda que as vozes da elite no mundo da política e dos negócios tenham espaço, a ideia é que compartilhem do portal pessoas menos conhecidas, cujo papel em numerosos âmbitos encontre visibilidade. Trata-se de dar voz ao mesmo tempo a um chefe de Estado e a um estudante no Brasil. “Será uma publicação muito ativa”, explica Berggruen em conversa por telefone.
Ele explica que a plataforma nasce com uma visão global porque “o mundo das ideias é multipolar”. “Há 20 anos, o que primavam eram os valores do Ocidente. Agora o Ocidente pode aprender de outros, já não tem o monopólio das ideias”, insiste. Esse princípio de não estabelecer hierarquias na informação é uma das chaves do sucesso do The Huffington Post (HuffPo).
Momento difícil
Tecnicamente, TheWorldPost será uma plataforma independente, embora substitua a seção internacional no HuffPo. Nathan Gardels, um dos principais assessores de Berggruen, será o editor-chefe, enquanto Peter Goodman, que dirigia a seção de negócios, será o diretor-executivo do novo projeto.
Berggruen lidera um grupo de reflexão política internacional. Seu instituto controlará 50% da publicação. A outra metade da iniciativa conjunta estará nas mãos do HuffPo. Será a equipe de Arianna Huffington a que ficará responsável pelo gerenciamento técnico e comercial, a publicidade e a integração de conteúdos.
Embora no início conte com os jornalistas que esse meio de comunicação possui em diferentes países, pretende-se estabelecer conexões com publicações locais para que colaborem diretamente com uma plataforma que se apresenta “aberta”. Berggruen explica que se trata de ir além da política, com foco também em assuntos culturais, científicos, de saúde ou meio ambiente.
Entre as personalidades que integrarão o conselho editorial do TheWorldPost está Juan Luis Cebrián, presidente do Grupo PRISA, editor do EL PAÍS. Também se destacam Eric Schmidt, presidente-executivo do Google, e Pierre Omidyar, fundador do portal de vendas eletrônicas eBay, que acaba de embarcar em outro projeto midiático com Gleen Greenwald.
Os envolvidos não deram detalhes de ordem financeira nem sobre qual será a contribuição de cada uma das partes no início. O novo portal de informação é visto como uma nova iniciativa de Arianna Huffington para expandir seu modelo de meios de comunicação digitais em escala internacional, agora que acaba de lançar as versões do HuffPo para a Alemanha e o Japão, depois das edições em Reino Unido, Canadá, França, Espanha e Itália. O conteúdo do TheWorldPost será publicado também nessas edições.
A transformação do HuffPo de um blog que em sua origem se concentrava nas notícias políticas em Washington para um veículo global é outro reflexo da perspectiva internacional que os meios de comunicação vão assumindo. Como indica Berggruen, essa visão global da informação é também uma necessidade estrutural do negócio no setor.
“Haverá poucos meios de comunicação sobreviventes. Ou serão muito locais ou muito globais”, prevê Breggruen. Por isso, ele admite que é um momento difícil para se apresentar uma nova publicação. O propósito é que seja um negócio rentável. “Certamente perderemos dinheiro no início, mas o apoiaremos financeiramente porque achamos que há de se dar voz às ideias”, acrescenta.
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Sandro Pozzi, do El País, em Nova York