Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Falta de papel-jornal gera protesto

Cerca de 200 jornalistas fizeram ontem um protesto em Caracas contra a falta de divisas para a compra de papel-jornal na Venezuela. De acordo com a imprensa local, os atrasos nos repasses de dólares para a importação desse insumo estão afetando as empresas jornalísticas, a exemplo do que ocorre com vários outros setores da economia venezuelana.

Segundo a ONG Espacio Público, nove periódicos do interior do país deixaram de circular recentemente por falta de papel. Outros jornais reduziram “de maneira dramática” sua tiragem. El Universal, um dos maiores jornais do país, informa que dispõe de estoques de papel para circular até o dia 14 de fevereiro. O governista Correo del Orinoco teria papel suficiente até 24 de fevereiro, segundo a ONG. Sete publicações se encontram em situação similar.

A entidade empresarial Fedecámaras, estima que os atrasos já somam US$ 10 bilhões. A Comissão de Comunicação da Assembleia Nacional marcou para hoje uma reunião com donos de jornais.

Venda no mercado negro

O câmbio é controlado na Venezuela, a uma taxa fixa de 6,30 bolívares por dólar. O governo é praticamente a única fonte de divisas no país – a estatal petrolífera PDVSA é responsável por 96% dos dólares que entram na Venezuela.

Neste mês, o governo migrou boa parte dos setores a uma taxa paralela de 11,30 bolívares por dólar – uma “desvalorização disfarçada”, segundo analistas. No mercado paralelo, ilegal no país, a moeda americana era negociada ontem acima de 76 bolívares.

O deputado governista Earle Herrera admitiu a escassez de papel, mas acusou importadores de comprar o produto ao dólar oficial para vendê-lo à cotação do mercado negro. “Se fez mais fortuna vendendo papel do que jornal”, disse.

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Fabio Murakawa, do Valor Econômico