Não é de hoje que os veículos de comunicação utilizam o helicóptero para auxiliar a transmissão e acrescentar informação que vai ajudar diretamente o telespectador. Este texto tem, justamente, a ideia de dimensionar o uso deste meio de transporte e tentar entender como ele está sendo e deveria ser utilizado.
Para início de conversa, trata-se de uma espécie de acessório muito importante. Por exemplo: há forma melhor de informar sobre o trânsito com rapidez e precisão? Outra demonstração muito eficaz foi nas manifestações. Nesse sentido, os terraços dos prédios foram fundamentais para proteger jornalistas e ainda conseguir informar o que estava ocorrendo.
Mas vamos aos fatos. A utilização dos helicópteros precisa ser pensada de forma mais sensata. Vou citar uma emissora, mas não se trata de uma crítica exclusiva à emissora.
Em sua enorme estrutura, a TV Globo utiliza muito o helicóptero, principalmente nos jornais matinais. Além dos informes nos trânsitos (como já escrito), a fácil locomoção deste transporte permite agilidade na hora de informar. Dois exemplos recentes marcaram. O primeiro (e até recorrente) mostra viciados em crack correndo sem direção e orientação na avenida Brasil entre os carros. Essa imagem precisa ser mostrada. Mas precisa ser ao vivo? E se ocorrer um atropelamento? Não seria melhor gravar e colocar um take falando sobre a cena? Não há o menor problema em afirmar que a cena foi gravada há minutos. Não tira a veracidade e a complexidade do que precisa ser noticiado.
Recurso fundamental
Outro exemplo foi mais específico. Quando caiu a passarela da Linha Amarela, a emissora entrou imediatamente com as imagens do acidente. Até aí tudo bem. Tinha de tudo um pouco, inclusive táxi esmagado. Faz parte do cenário. Mas por que focar no carro (parte da frente) que tinha uma mulher se debatendo e um senhor morto? Não precisa aproximar tanto e ficar tanto tempo. Será que um simples take na bastava?
Especificamente neste caso, participei da cobertura pela TV Brasil. Fui para o Hospital Salgado Filho, pois um ferido estava lá (morreu no dia seguinte). O filho do senhor mostrado morto chegou até o hospital atônito e sem informação. Neste caso, ele não conseguiu identificar o pai na TV. Foi a imprensa que o comunicou do óbito. Mas, não acho que mostrar a cena ao vivo seja o melhor. Não contribui para nosso trabalho. Muito mais eficaz, após identificar, mostrar uma foto (de RG ou de mídia social).
Por tudo exposto de forma rápida, creio que o helicóptero é (sim!) fundamental para auxiliar na cobertura jornalística. Mas sua utilização precisa ser mais bem estudada pelos veículos e intelectuais da área.
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Vitor Gagliardo é jornalista, TV Brasil