Escrevi um livrinho sobre Olavo de Carvalho e publiquei na Amazon pelo preço mínimo: R$ 1,99. Olavo de Carvalho me xingou de doente mental pelo Facebook e, entre outras delicadezas, disse que eu era um “bosta”, que eu tinha uma “insensibilidade anal” que me faria não perceber “quando era enrabado”. Mas o Observatório da Imprensa é lugar para este tipo de futrica? Claro que não. O problema é que Olavo de Carvalho é tido como filósofo e intelectual por revistas como a Veja.
E quais são as ideias de Olavo de Carvalho? As mais absurdas.
Segundo ele, a ecologia foi inventada:
“Nos anos 1950, grupos globalistas bilionários – os metacapitalistas, como os chamo, aqueles sujeitos que ganharam tanto dinheiro com o capitalismo que agora já não querem mais se submeter às oscilações do mercado e por isso se tornam aliados naturais do estatismo esquerdista – tomaram a iniciativa de contratar algumas dezenas de intelectuais de primeira ordem para que escolhessem a vítima das vítimas, alguém em cuja defesa, em caso de ameaça, a sociedade inteira correria com uma solicitude de mãe, lançando automaticamente sobre todas as objeções possíveis a suspeita de traição à espécie humana. Depois de conjeturar várias hipóteses, os estudiosos chegaram à conclusão de que ninguém se recusaria a lutar em favor da Terra, da mãe natureza.”
Segundo ele, democratizar o ensino é ruim:
“A democratização do ensino, abolindo as barreiras econômicas, deveria ter instituído barreiras intelectuais em compensação, para impedir que a descida do padrão social trouxesse, de contrabando, uma queda do nível de consciência. A nova elite de pés-rapados talvez fosse menos numerosa, mas teria superado em mérito e qualidade suas antecessoras.”
Ameaça à inteligência
Segundo ele, dizer que os alunos merecem escolas decentes, professores dedicados e métodos de ensino cativantes é quase tão nefasto quanto distribuir pedras de crack na merenda:
“A ideia de que a educação seja um direito é uma das mais esquisitas que já passaram pela mente humana. É só a repetição obsessiva que lhe dá alguma credibilidade. (…) Educação é uma conquista pessoal, e só se obtém quando o impulso para ela é sincero, vem do fundo da alma e não de uma obrigação imposta de fora. (…) Nessas condições, campanhas publicitárias que enfatizem a educação como um direito a ser cobrado, e não como uma obrigação a ser cumprida pelo próprio destinatário da campanha, têm um efeito corruptor quase tão grave quanto o do tráfico de drogas.”
Segundo ele, a imprensa é uma ameaça à civilização e à espécie humana:
“Poucos fatos na história foram jamais tão bem averiguados, testados e provados quanto a falsidade documental do presidente americano e o esquema de dominação continental do Foro de São Paulo. (…) Ambos esses fatos foram sistematicamente suprimidos do noticiário por tempo suficiente para que os beneficiários da cortina de silêncio alcançassem, sob a proteção dela, seus objetivos mais ambiciosos. (…) Por isso, Daniel Greenfield foi até eufemístico quando, escrevendo no Front Page Magazine, de David Horowitz, afirmou que a grande mídia é hoje ‘a maior ameaça à integridade do processo político’. Ela tornou-se, isto sim, uma ameaça à inteligência, à civilização, a toda a espécie humana.”
Não é razoável que este seja o nível da “direita” brasileira.
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Hélio Pimentel é consultor de informática, São Paulo, SP