Um estudo realizado pela Future Exploration Network, divulgado em agosto do ano passado, indicou que em 2027 não haverá mais jornais impressos nos Estados Unidos. O estudo é inédito no que diz respeito a apresentar uma data específica para o fim da circulação de impressos, mas o assunto é recorrente entre profissionais da área e palpiteiros desde a consolidação da internet no mundo. Há aqueles que garantem que o jornal acabará em breve e os que defendem sua imortalidade.
Considerando a mutabilidade mundana, as duas posições podem ser radicais. Como defende Ricardo Noblat, é provável que, em algum momento, o jornal impresso se torne obsoleto, ao menos como o conhecemos hoje. Portanto, nesse caso, é importante aceitar a adaptação. Muitas empresas de comunicação têm investido no impresso para reportagens mais embasadas ou como meio propagandístico, por exemplo. E há ainda estudiosos adotando a hipótese de o jornal se tornar mais literário.
Seja como for, nossa história demonstra a tendência da existência simultânea de meios de comunicação. Ponderando essa realidade, é possível que ainda vejamos, por muito tempo, jornais circulando por aí – coexistindo com suas versões digitais em tablets e smartphones. Especialmente porque impresso não funciona à bateria, não depende da oscilação do sinal de internet e pode ser lido onde não há energia (sim, ainda há lugares no mundo e aqui no Brasil aonde a Luz para Todos não chega para uma parcela da população).
A credibilidade da internet
Além disso, o jornal não emite luz. Então, a visão humana não é prejudicada pelo excesso de tempo lendo o papel. Não há a tendência de se adquirir uma tendinite por deixar as mãos na mesma posição e nem sentir os dedos doendo por descer incessantemente a barra de rolagem pelo touch screen. Essas são vantagens pouco avaliadas nessa era de euforia pelas facilidades, mas podem ser muito relevantes quando, no futuro, os prejuízos da vida modernizada vierem à tona.
Além do mais, o impresso funciona muito bem como documento histórico. Ok, a Wikipédia é mais prática. No entanto não pode ser usada oficialmente para comprovar dados, pelo menos por enquanto. Quando a credibilidade da internet estiver solidificada, aí talvez seja o momento para o jornal deixar de circular. Até lá, o impresso se mantém como um meio de comunicação que deu certo. Afinal, está em vigor desde 1609. E a internet será a mesma daqui a quatro séculos?
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Andreza Galiego é jornalista, Sumaré, SP