O antigo seriado de TV americano Paladino Justiceiro tinha como herói um agente federal que andava no Velho Oeste portando um cartão autorizando ele a matar quem bem entendesse. A Polícia Militar brasileira está há já algum tempo com o mesmo cartão, o que lhe permitiu executar mais de trinta bandidos e alguns inocentes no caminho, transformando duas cidades do interior de Minas e São Paulo – Itamonte e Biritiba Mirim – em verdadeiras praças de guerra.
As ações foram um sucesso, claro. Mas será que a polícia precisa agir sempre assim?
“Não acho que a existência de duas polícias seja o modelo adequado, pois muito tempo e dinheiro são desperdiçados com duas estruturas gigantes, mas um debate mais sério sobre o tema deve ser travado pela sociedade e governo visando obter um novo modelo de política para o Brasil.”
As palavras são do delegado regional da Polícia Civil de Itajubá, Minas Gerais, Pedro Henrique Rabello Bezerra, em entrevista ao jornal Itajubá Notícias. Detalhe: o município de Itajubá tem há três anos três polícias, com uma guarda municipal em contínua expansão.
Fala ainda o delegado. “O tráfico de drogas é realmente um problema de polícia que vem recebendo prioridade por parte do estado. Entretanto, o uso de drogas é mais um problema de Saúde Pública do que efetivamente de Segurança Pública, devendo haver por parte do estado, em todas as esferas, políticas públicas para prevenção, tratamento e recuperação destes usuários da droga.”
Pois é, mas se nem a polícia consegue ser escutada como ela pode ser reformada? Ou ela não precisa ser reformada, está boa assim? Aliás, pela quantidade de assassinatos de marginais de todas as idades e sexos em ajustes de contas, parece que nem precisamos de polícia.
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Zulcy Borges de Souza é jornalista