“Pelas nossas informações, esta manhã ainda não tem ônibus circulando na praça seca”, me avisa a página Taquara da Depressão, no Facebook – uma das redes sociais cujas páginas interativas tentam, parcialmente, encurtar o tempo de conhecimento de fatos noticiosos. Pelo menos com relação ao tempo tradicional da mídia especificamente impressa, embora pecando em aprofundamento crítico.
De fato, dentre as características determinantes para a conquista geográfica humana sobre Terra, destaca-se a comunicação informativa, isto é, não necessariamente aquela relacionada ao conhecimento científico ou sociopolítico de determinado evento, mas antes associado ao interesse prático veloz. Antes da invenção do telégrafo e de seu uso se regulamentar e generalizar, por exemplo, o tempo de tramitação das informações não raramente se alongava mais que a vida das pessoas envolvidas na comunicação. Antes também, vale lembrar com muita ressalva, dos objetivos de esclarecimento do jornalismo pós-iluminista.
Sabe-se que, hoje, a vida contemporânea sustenta-se na proliferação massiva de tecnologias complexas de compartilhamento de mídia – som, imagem, vídeo –, o que engloba tanto usos idiossincráticos quanto de interesse público. As novas tecnologias informativas trouxeram plataformas inéditas para a disseminação noticiosa e seus impactos sobre o jornalismo merecem reflexão. Afinal, essa informação corriqueira essencial – o “bate-boca” – não se extinguiu, mas adaptou-se às novas necessidades da comunicação industrial. Em outras palavras, ela deslocou-se e aperfeiçoou-se com os benefícios da inovação tecnológica, não se podendo confundi-la com o fazer jornalístico.
A necessidade de apuração
Páginas independentes do Facebook são exemplificações de tal processo. Muitas misturam humor com interesse público, como observável nos grupos Taquara da Depressão e Alertando Geral. Aquele, particularmente, funciona com base na colaboração dos próprios moradores do bairro Taquara, localizado no Rio de Janeiro, que também configuram o público das postagens. Dessa maneira, não há equipes fixas selecionadas para apuração dos acontecimentos e incidentes, ou seja, os membros da página postam o ocorrido, e a “apuração” recai nos comentários dos usuários ou que moram perto ou que passam pelo local, além de na consulta às mídias tradicionais. Como pode se prever, são comuns relatos em desacordo e até mesmo contraditórios, em linguagem informal e casual.
O fenômeno se alastra não apenas para redes sociais, como para todo o alcance de interatividade da web 2.0, atingindo blogs, sites e fóruns especializados. O surgimento de plataformas inéditas de informação corriqueira, portanto, deve ser adaptado às reais necessidades da comunicação humana contemporânea – como os recentes usos do aplicativo de celular Whatsapp por parte do jornal online do Extra e da Rádio Band News. Mais do que isso, porém, não deve suplantar a necessidade de apuração investigativa aprofundada dos fatos, ainda que corriqueiros.
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Leo Bigio e Luís Pedro são estudantes