Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Redatores pedem demissão em bloco

Por desentendimentos com a direção do jornal, sete dos 11 redatores-chefes do francês Le Monde anunciaram nesta terça-feira [6/5] que estão deixando seus cargos. Em carta publicada no Libération, o grupo explica que a decisão foi tomada face à “ausência de confiança e comunicação com a direção da redação”.

“Nós tentamos encontrar soluções, sem sucesso. Hoje, nós constatamos que não somos mais capazes de realizar as tarefas que nos foram confiadas, por isso que estamos renunciando a nossas respectivas posições”, escrevem Cécile Prieur, Françoise Tovo, Nabil Wakim, François Bougon, Vincent Fagot, Julien Laroche Joubert e Damien Leloup.

Os demissionários se comprometeram a permanecer nos cargos até que substitutos sejam contratados. Há meses que a crise estava instalada no jornal. Os desacordos vão desde o formato da reforma do jornal impresso, prevista para o primeiro semestre, mas adiada para setembro, ao projeto de mobilidade interna, que vai realocar 57 profissionais.

A carta de demissão foi endereçada ao publisher do diário, Louis Dreyfus, e à editora, Natalie Nougayrède. Segundo fontes, Natalie, a primeira mulher a dirigir o jornal em seus quase 70 anos de história, parece estar isolada, lutando contra todos os projetos. “Havia focos de incêndio por todos os lados”, afirmou um profissional do Le Monde, em entrevista ao Libération.

Os redatores já haviam ameaçado a renúncia coletiva no ano passado, segundo revelou o L’Express. Neste ano, um relatório de avaliação e prevenção de riscos ocupacionais revelado pelo site Mediapart apontou problemas severos no Le Monde, citando uma “direção de redação que não dá respostas claras”, “o sentimento de organização sem fôlego” e uma direção que “navega ao vento”.

Natalie Nougayrède, de 48 anos, assumiu o cargo à frente do Le Monde em março do ano passado, após a morte de Erik Izraelewicz. Na ocasião, ela recebeu apoio de quase 80% da redação. Entre seus desafios estão elevar o número de assinaturas digitais de 50 mil para 200 mil em dois anos e estabilizar as vendas do impresso, que caíram 2% em 2013.