Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Cineasta-colunista com jantar incluso

Para quem se lembra Paulo Francis, com aquela sua fúria empedernida ele costumava acusar Arnaldo Jabor de usar o dinheiro da Embrafilme para fins outros que não fazer filmes. Paulo Francis morreu e, coincidentemente, a Embrafilme também. Paulo Francis foi para o céu (ou quase) e Jabor, para a Globo. O Marinho (Os Marinhos ainda não existiam), com aquele seu dedo bom para oportunidades, vislumbrou uma carreira para este cineasta de cabelo engraçado. Ironicamente, Jabor faz carreira no vazio deixado por Paulo Francis.

Jabor é palestrante também: em Criciúma (SC), por R$ 130,00 (ver aqui), pôde-se ver e ouvir Jabor traçar“um cenário político e econômico do país, desde o período colonial até os dias atuais”, com jantar incluso. Em seu portfólio promocional temos a seguinte pérola: “Seu estilo irônico e mordaz é decisivo para descontrair a plateia e tornar o assunto mais leve.” Sei…

Mas, por que o jabá?

Em sua ultima aparição escrita, em um estilo pouco descontraído para a plateia, Jabor declara a incompetência como próprio do caráter do povo brasileiro: “Edênico e secular”. Jabor, tal qual Regina Duarte, tem medo. Medo de sermos descobertos internacionalmente em nossa incompetência genética tão própria aos brasileiros como a banana aos macacos. Jabor não confia no seu povo dos R$130,00 + jantar. Teme uma “africanização” da sociedade. Jabor recita termos como “terceiro mundo e quarto mundo” e busca uma ideologia para o “drama brasileiro”.

Jabor vive no tempo da Guerra Fria. A referência simplificada de terceiro e quarto mundo não existe mais desde que o muro de Berlim caiu! “Não há uma ideologia que dê conta do recado”, brada o cineasta.

Como diz a fábula do sapo e do escorpião: tudo é uma questão de natureza. Uns tentam acertar mesmo sendo incompetentes; outros são apenas Jabor.

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José Luiz Ribeiro da Silva é profissional liberal, Curitiba, PR