Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Falam muito

Escrevo minhas colunas e assisto à Copa de casa. Perco a emoção de estar dentro dos estádios, que vivi várias vezes, como comentarista e atleta, além de não me encontrar com vários jornalistas que gosto, admiro e que só vejo neste período. Por outro lado, assisto, na íntegra, a todos os jogos e a toda cobertura da imprensa. Fico mais bem informado.

E ainda tenho tempo, pela manhã, de fazer minhas caminhadas diárias. Na terça-feira, dia do jogo entre Brasil e México e entre Bélgica e Argélia, no Mineirão, fui a pé, como faço, com frequência, até o bairro Savassi, onde se concentram muitas pessoas, turistas e também acontecem manifestações. Fiquei impressionado com o enorme número de policiais, todos prontos para soltar o cacete, se necessário. Nunca tinha visto, ao vivo, tantos policiais juntos. Isso dá segurança à população e, ao mesmo tempo, assusta. Era um ambiente de festa e de guerra. Estranho.

Como gosto de silêncio, acho as transmissões dos jogos pela TV muito barulhentas. Falam muito. Parece haver um concurso entre narradores –há exceções– para ver quem fala mais rápido. Galvão Bueno não está em primeiro lugar.

Lições de Chaplin

O ex-jogador Élber, comentarista de uma TV alemã, disse, no programa “Redação Sportv”, que só fala antes, no intervalo e depois do jogo. Fala pouco. As análises de alguns lances especiais e de mudanças táticas que ocorrem durante a partida são importantes para a compreensão do jogo. Ao mesmo tempo, há um excesso de informações e explicações.

Amanhã, se Hulk e Fernandinho jogarem, o time melhora. É frequente um atleta ter dores, como Hulk, com todos os exames normais, e também ficar ansioso, dormir mal. Quando estava tenso, eu jogava melhor. Está exagerada a importância dada às dores de Hulk. “Não sois máquinas, homem é que sois” (Charles Chaplin).

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Tostão (Eduardo Gonçalves de Andrade) é colunista da Folha de S.Paulo