O cinema cria a personagem do jornalista colorido com várias performances. Em algumas, é pintado de super-herói, detentor de hegemonia e combate ao mal que assola a humanidade indefesa, carente de suas armas contra o crime, e de sua voz para ecoar ao vento, no encalce dos próximos precisados. Dados exemplos, o Superman, que intercala entre o noticiário, criando a notícia, e ao mesmo tempo sendo-a, através do realce dos seus feitos como man superior do universo.
Outro exemplo que pulou dos quadrinhos para a telona, intercalando a roupagem de periodista com a do poder sobrenatural, é o Spider-Man que, por ironia, a figura dramática Peter Parker, sobrevive quase exclusivamente como fotografo particular da personagem criada por ele, em ações de salvamento, mil vezes delas, da sua amada Mary Jane Watson. Nesses dois casos, o jornalista é herói duo, por ser simplesmente demais, fantástico e quase onipresente.
Dando-nos outro olhar sobre as especulações na vida desse profissional, o cinema nos mostra a parte não tão magnífica do “ser”, mas dessa vez, colocando os seus pesares crítico e mais realista, mas não menos sensacional, dos feitos que o comunicador enfrenta na profissão. Em massa, entram em questão os debates dos conflitos éticos e morais no mundo dos interesses, que rondam as notícias e seus derivados, e as imposições dos donos e deuses da informação.
A coragem de se impor às farsas
Um dos casos em que a veridicidade jornalística saiu pela culatra foi o do The New Republic, retratado no cine realidade banal — como a vida rotineira dos jornais, O preço de uma verdade (2003). O enfoque é no que a falta de ética pode trazer para a reputação do nome do jornalista e mais ainda a perda definitiva da credibilidade, tão temida pelos profissionais.
Um ponto importante disso, retratado na película, é o alerta que nos dá a cerca da questão crucial que resumiremos em uma pergunta: podemos confiar na informação passada sem maiores preocupações? Ótimo questionamento, que nesse caso, não se delimita apenas em confiarmos no nome do jornalista, mas também no meio pelo qual a notícia se veicula, onde em meio a erros, medo e riscos de que a honra sofra abalos, pode atira-se ao poço das incertezas, as chaves para a verdade.
Não é defendido pelo cinema o mocinho ou o vilão periodista, mas o que a realidade ou história, além da criatividade, estejam à disposição em oferecer para satisfazer os desejos e curiosidades do grande público sobre o mundo da informação e seus procedidos, no qual, uns cultivam no imaginário ser usuras obscuras das redações, sobre seus tubos de ensaio, das manipulações de ideias macabras dos grandes veículos, mas de outra forma também, o lado honroso de cuidar do bem comum, na missão incansável de levar a verdade e contradições de realidades forjadas, tendo como meio inseparável a investigação dos fatos, por onde reles mortais se destacam pela coragem de se impor às farsas.
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Francisco Júlio Xavier é estudante de Jornalismo