Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Goleada bate também em Galvão Bueno e seus colegas

A goleada da Alemanha atingiu também a equipe da Globo. Os cinco gols sofridos em meia hora de jogo desnortearam Galvão Bueno e seus amigos.

O placar de 7 a 1 inibiu até reações mais exaltadas do narrador. Foi um nocaute.

No intervalo, nada de tambores do Olodum ou de repórteres caçando declarações de torcedores.

Era hora de explicar o desastre. Galvão voltou do break comercial com uma tese. Como sempre, se apoiou em comparações numéricas com o passado.

"É o maior branco' sofrido por uma seleção em um jogo de Copa entre equipes fortes", disse, fazendo referência aos quatro gols tomados em seis minutos –do segundo ao quinto gol alemão.

Ronaldo e Casagrande sentenciavam a escalação "errada" do time. O argumento reverberava em outros canais. A imprensa cravou na véspera a entrada de Willian no lugar de Neymar.

O desempenho pífio do time com Bernard na função propiciava críticas mais veementes ao técnico.

Script inesperado

O início do segundo tempo, com Ramires e Paulinho, esboçou um mínimo de combatividade em campo. Galvão chegou a falar em "jogo equilibrado" nessa altura do jogo.

Outros gols alemães vieram, e a transmissão ganhou ares de desespero.

Casagrande foi pouco acionado. Galvão preferia passar a bola a Ronaldo. Parecia buscar uma chancela de contundência nas opiniões de um grande ídolo do futebol mundial.

Ronaldo não titubeou. Disparou críticas a uma seleção "que nunca empolgou nesta Copa". Arnaldo César Coelho sumiu na transmissão. Quem iria querer discutir este ou aquele erro de arbitragem com sete gols nas costas?

As entrevistas com os jogadores caíram em constrangimento. O que dizer? Os olhos mareados de Júlio César e David Luiz bastariam, mas eles insistiam em falar e pedir desculpas.

Na tela, era outro Galvão Bueno. O mestre de cerimônias festivo deu lugar a alguém perplexo diante de um roteiro inesperado.

A transmissão da Globo teve prévia de 34 pontos de ibope na Grande São Paulo, a mesma do jogo anterior, contra a Colômbia. Cada ponto equivale a 65 mil domicílios na região.

******

Thales de Menezes é editor-assistente da "Ilustrada", da Folha de S.Paulo