Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Tratamento desigual a intelectuais e escritores

Nas últimas semanas, o Brasil perdeu três intelectuais, pensadores e escritores, nascidos nas décadas de 1920, 1930 e 1940, sendo eles: Ariano Suassuna, falecido em 23 de julho, Rubem Alves, falecido em 19 de julho e João Ubaldo Ribeiro, falecido em 18 de julho de 2014. Dos três, apenas o baiano João teve destacada sua obra e sua importância para as letras brasileiras. Neste OI encontramos mais de 20 artigos citando João Ubaldo, destacando a importância de sua obra e lamentando a morte dele. Ariano morreu ontem e pode ainda receber algum destaque. Mas Rubem Alves, filósofo, teólogo, educador, prosador e contador de casos (cronista) da melhor cepa não recebeu sequer uma nota dos que escrevem neste Observatório. Não vejo razão de tratamento tão desigual. Ou para ter o reconhecimento da imprensa um escritor precisa ter produzido romances e peças de teatro, depois adaptados para cinema e televisão? Os baianos sabem fazer propaganda de si mesmos (basta ler, ouvir ou ver uma entrevista de algum cantor ou compositor nascido naquele estado) e muitos, por talento e mérito, são hoje reconhecidos em todo o país e mesmo no exterior. Rubem Alves é mineiro, do sul do estado, depois radicado em Campinas, onde foi professor universitário e onde desenvolveu a maior parte da obra. E os mineiros, em geral, são discretos, não gostam de holofotes e badalação. Será essa uma das causas do “esquecimento” a que são submetidos, rapidamente? Guimarães Rosa foi um dos maiores escritores do século 20, reconhecido inclusive por outros literatos como tal; se ele tivesse nascido na Bahia ou em Pernambuco certamente estaria nas páginas dos jornais com muito mais frequência. Sendo este um Observatório da Imprensa, os articulistas que aqui escrevem deveriam ter prestado atenção ao pouco destaque dado, pela imprensa, à morte de Rubem Alves (João de Paiva Andrade, engenheiro eletricista, Rio de Janeiro, RJ)