Monday, 04 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Jornalismo de guerra e assistência humanitária em risco

O grupo extremista jihadista autoproclamado Estado Islâmico divulgou, em 14 de setembro, seu terceiro vídeo, com a decapitação de mais um refém ocidental. Dessa vez, após a morte dos dois jornalistas americanos, o britânico David Haines, trabalhador de uma organização humanitária, foi executado como forma de ameaça à Grã-Bretanha. O vídeo dirigiu a mensagem ao primeiro-ministro inglês David Cameron, como resposta por ter aliado o país à coalização comandada pelos Estados Unidos contra a organização sunita.

Nos casos anteriores, os jornalistas americanos James Foley e Steven Sotloff foram mortos em vídeos similares ao divulgado recentemente. O repórter de guerra brasileiro André Liohn, amigo próximo dos dois jornalistas executados, comentou o ocorrido. André aponta que o Estado Islâmico descobriu uma maneira de chocar a sociedade, promovendo assassinatos de grande proporção, e se autodivulgando em seguida.

“Nós vivemos uma sociedade de radicais. Numa sociedade em que existe uma síndrome do protagonismo. Um dia, um menino é um cantor de rap frustado por não conseguir nada, no outro dia está mandando recado pro Obama, cortando o pescoço de uma pessoa. Estranho que ele tenha coragem pra fazer isso, mas ele tem”, diz André. O jornalista ressaltou o objetivo do trabalho como fotógrafo de guerra: “O jornalismo tem duas funções muito claras: informar e mobilizar. Não direcionar, mas fazer com que as pessoas se mobilizem. A fotografia não tem essa capacidade de curar ferimentos. Mas existem atores que são capazes de fazer isso. E mobilizar estes atores, sem direcionar, é o grande desafio.”

Em parceira com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), o fotógrafo inaugurou quarta-feira, 10, uma mostra no Museu Nacional da Saúde, em Brasília, que retrata a ameaça aos profissionais da saúde durante os conflitos, ressaltando importância de grupos armados respeitarem estes funcionários. De mesma forma, Liohn destaca também o trabalho do Comitê de Proteção aos Jornalistas, que busca fazer com que estes grupos respeitem a integridade do jornalista. A mostra faz parte de uma campanha do CICV intitulada “Assistência à saúde em perigo”, que chama a atenção para a negligenciada questão da violência contra estes profissionais humanitários.

Fontes:

>> http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2014/09/02/estado-islamico-divulga-video-com-decapitacao-de-outro-jornalista-americano.htm

>> http://df.divirtasemais.com.br/app/noticia/programe-se/2014/09/10/noticia_programese,151443/exposicao-de-andre-liohn-mostra-ameaca-aos-profissionais-da-saude-durante-conflitos.shtml

>> http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/08/entenda-o-conflito-envolvendo-o-estado-islamico-na-siria-e-no-iraque.html

******

Thiago Garcia é estudante de Jornalismo