O debate entre os presidenciáveis do Brasil, realizado na quinta-feira (2/10), foi a prova eloquente de que o Brasil tem carência de estadistas e fartura de oportunistas. O debate foi uma demonstração do que Darcy Ribeiro dizia. Precisamos de estadistas, e não de políticos. Para Darcy, o político pensa nas próximas eleições, enquanto o estadista pensa nas próximas gerações.
Vendo parte do debate transmitido pela Rede Globo, não tive estômago para assisti-lo na íntegra. Foi um debate fraco, marcado por picuinhas, moralismo, puritanismo, um festival de acusações. Em suma, foi marcado por um sistema político corrupto, anacrônico, arcaico e obsoleto. Foi um debate que eu poderia afirmar que foi um prato cheio para alimentar conversa de boteco.
Os candidatos ali presentes foram um cara da TFP, um pastor fundamentalista belicista, uma garota sectária, um pseudoecologista, uma ex-ecologista ora aliada do agronegócio, um neoliberal privatista e um tecnocrata sem critério.
Nenhum candidato ou candidata mostrou uma disposição para realizar aquilo que, a princípio, já ajudaria no quadro político nacional: uma reforma política. Já temos um quadro político caótico, onde a política está refém do mercado em decomposição, temos um modelo político eleitoral que é um prato cheio para a corrupção. Todo e qualquer candidato que for eleito ou eleita, tornar-se-á um refém ou uma refém das alianças disfarçadas de pluralidade. A pluralidade é boa, mas esta não pode ser o álibi para alimentar um sistema político corrupto, anacrônico, arcaico e obsoleto.
******
José Valmir Dantas de Andrade é professor