Sunday, 29 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Os riscos desnecessários das equipes de TV

A reportagem de TV sobre o trânsito nas datas comemorativas e feriadões se transformou num padrão da produção de telejornais, para não se dizer, um clichê. Com a justificativa de estar prestando um serviço aos espectadores, repórteres de campo se postam às margens de grandes rodovias com a fila de automóveis às suas costas e reproduzem um texto, frequentemente ao vivo, que, em essência, se repete a cada oportunidade e em todos os canais.

Afora a cansativa reiteração e o contrassenso de que o suposto “serviço” serviria àqueles que já estão lotando os carros que compõem o fundo – porque em plena era de aplicativos de tráfego via internet é pouco esperado que alguém assista TV como pré-requisito para iniciar viagem rodoviária – há um tema ainda subestimado no dia-a-dia das profissões que não são exercidas em ambientes industriais e chama a atenção de quem tem noções básicas sobre a questão: a segurança do trabalho de repórteres e cinegrafistas.

Qual é a necessidade real de expor equipes ao risco de um atropelamento por um veículo desgovernado ou que seja obrigado a usar o acostamento para recurso de manobra visando a evitar uma colisão, por exemplo? A própria presença de pessoal e equipamentos de filmagem à beira de avenidas e estradas aumenta a possibilidade de desatenção de motoristas em função da curiosidade despertada pela atividade. Ainda que se possa alegar que a probabilidade de ocorrência de uma situação desse tipo é pequena, o ponto principal é que o impacto, quase sempre, tem o potencial de ser fatal.

Tragédia evitável

Medidas simples podem ser adotadas para diminuir esse risco, caso se entenda que imagens de estradas sobrecarregadas sejam indispensáveis, o que é, no mínimo, questionável. Equipes de TV podem e devem buscar locais seguros, afastadas do fluxo, tais como passarelas de pedestres, andares elevados de prédios etc., para obter o enquadramento desejado.

Não parece, sob qualquer ponto de vista, ser necessário esperar até que ocorra uma tragédia evitável para que sejam tomadas providências mínimas que objetivem impedir o aumento da macabra estatística de jornalistas mortos durante o trabalho por outras razões, tais como perseguições políticas e conflitos de rua.

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Cesar Monatti é aposentado