Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

A reconfiguração da comunicação governamental no Brasil

A informação tem um caráter duplo, tanto numa perspectiva de matéria-prima ou produto, tendo em vista sua utilização em todos os momentos do processo de produção e disseminação do conhecimento. O ciberespaço, por sua vez, tem muito a contribuir nesta trajetória comunicacional adotada em todos os segmentos da informação, em especial a governamental, que vem passando por profundas mudanças implementadas pelas assessorias de imprensa.

Sabe-se que o ciberespaço e a comunicação governamental fazem parte de uma interface contemporânea que permeia o tempo e o lugar vivido, seja ele real ou virtual, que passará a prefigurar os atores sociais de uma sociedade espetacularizada com intuito de elucidar uma cultura participativa, que a partir das transformações tecnológicas e mercadológicas começam a fazer parte de um novo paradigma em que as novas mídias interagem de forma complexa alterando a relação com os meios de comunicação, relações políticas, sociais e culturais ao criar permanência e comunicação do poder local.

Deste modo, as plataformas de redes sociais já se tornam utilizadas em larga escala por várias organizações governamentais, que aplicam novas formas de levar informação ao seu público-alvo criando espaços de diálogos nas organizações a fim de dar oportunidade a cada indivíduo de falar e ser ouvido, apartir de um feedback rápido e interativo que a internet hoje nos oferece enquanto sociedade em rede.

Nesta perspectiva, tanto a comunicação pública como organizacional e institucional assumem um papel informativo em prol do interesse coletivo, criando um fluxo comunicativo entre instituições e sociedade. Sendo assim, Habermas (2003) defende que a integração de um fluxo informacional a uma sociedade se dê por meio do poder comunicativo dos cidadãos que a compõem. Para que haja percepção e articulação de medidas importantes para todos, os sistemas se valem de uma linguagem comum, utilizada na esfera pública política e no sistema político.

Participação e interação

Mesmo em meio à “era midiática” que se contrasta com prática de uma comunicação governamental atrasada principalmente quando se trata do papel de emitir informações de interesse público, assumindo a missão de adotar diferentes estratégias e métodos informacionais eficientes, capazes de atrair o público desejado, o que hoje representa um encargo considerável ao se constatar as mutações que atravessam a esfera da comunicação governamental.

A assessoria de imprensa, por sua vez, entra como canal de importante responsabilidade, tornando-se o mediador entre estes meios, provocando assim o uso da linguagem como uso da palavra articulada, escrita, ou um meio de comunicação entre as pessoas e o próprio meio. Em outras palavras, a convergência midiática entra em discussão como fronteira do consumo midiático hibridizado pela internet, permitindo ao usuário o consumo de diferentes mídias de forma integrada. É nesta revolução comunicativa que surgem novas formas de comunicação e interação; a abertura desse novo espaço de comunicação, intitulado de ciberespaço, constitui a essência paradigmática da cibercultura, fenômeno causado pela relação entre sociedade e novas tecnologias que democratizou a visualização e a publicação de informações, nunca antes possibilitada por outra mídia (Amoroso, 2008).

Desse modo, hoje, um dos grandes desafios das assessorias de imprensa que realizam o trabalho de comunicação governamental nas prefeituras é, sem sombra de dúvidas, o “reconfigurar-se” no ambiente virtual, tanto de plataformas de redes sociais online e no contexto atual onde se percebe a mudança de comportamento e anseios da sociedade por uma comunicação mais democratizada, promovendo um estreitamento nas relações entre o público e a gestão pública.

Além dos conflitos comunicacionais e da sociedade em rede, deve-se atender a demanda e procura de usuários por novidades nos serviços que ora são utilizados. Participação e interação se tornam primordiais para aproximar-se das necessidades e desejos dos internautas, o ato de permitir o compartilhamento de algo, passa a ser um meio de interação. Assim, a comunicação pública e governamental é desenvolvida para estimular essa participação e criar espaços que apresentem resultados de produção e inteligência coletiva que, por sua vez, encontram um ambiente favorável ao crescimento do ciberespaço e da cibercultura.

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Rodolpho Raphael de Oliveira Santos é professor, jornalista e especialista em mídias digitais, comunicação e mercado