A disputa jurídica entre o jornal Folha de S.Paulo e os irmãos Mário e Lino Bocchini, autores do blog satírico Falha de S. Paulo, chegou ao Superior Tribunal de Justiça. Julgado em primeira e segunda instâncias pela justiça paulista, o caso agora está nas mãos do ministro Marco Buzzi.
Em setembro de 2010, às vésperas das eleições presidenciais, os irmãos lançaram o blog falhadespaulo.com.br, que satirizava o jornal com fotomontagens e comentários, com o objetivo de caracterizar a parcialidade da empresa na cobertura política, que – segundo os autores – teria preferências político-partidárias, escondendo isso do leitor.
Dezessete dias após entrar na rede, os advogados da empresa conseguiram uma liminar impedindo a continuidade da iniciativa e abriram processo contra Mário e Lino. Em 30 de setembro de 2010 o blog foi tirado da internet e, desde então, os irmãos tentam reverter a decisão. A defesa da empresa se baseia no que considerou uso indevido da marca Folha, detalhando que o leitor poderia se confundir e ler a Falha como se fosse o próprio jornal. Já os autores do blog dizem acreditar na inteligência do leitor da Folha, afirmando que a empresa se incomodou com o conteúdo crítico da página, e por isso se empenhou em censurá-la.
“Hoje nem faríamos um blog como aquele, a Folha perdeu muito de sua relevância, há anos não é sequer o jornal mais lido da cidade de São Paulo”, explica Lino Bocchini na página Desculpe a nossa Falha, em que esmiúça o caso e mantém um contador dos dias em que a Falha de S.Paulo está sob censura. “A nossa maior preocupação é com a jurisprudência. Trata-se de um processo inédito no Brasil: é a primeira vez que uma grande empresa de comunicação, com seu poder econômico, consegue censurar um outro veículo que a critica. Sendo assim, o que for decidido em Brasília balizará casos futuros.”