Quando se fala em assessoria de imprensa, comunicação organizacional, comunicação corporativa, automaticamente vêm à cabeça canais de diálogo com os indivíduos que estão fora de uma empresa. Os mais comuns? Os consumidores. Mas dentro de uma empresa também há consumidores. Talvez não no sentido comercial do negócio, mas sim, na linhagem do incentivo, da absorção de valores institucionais. É nesse ponto onde entram em campo as redes internas de informação.
Um funcionário motivado representa o bom funcionamento dos processos administrativos. Na maioria dos casos, às pessoas não basta um salário como forma de realização profissional. Elas precisam se sentir peça de uma engrenagem maior, cujos objetivos atingidos reflitam o trabalho desempenhado durante o ano. A comunicação de uma instituição tem papel preponderante nessa motivação.
Nos cursos de Administração, é muito comum se falar em palavras como gestão e engajamento. As empresas também não estão mais à procura de funcionários apenas, isto é, pessoas que fazem escambo de seu esforço por um valor pecuniário. Elas querem profissionais que vistam a camisa, incorporem a cultura organizacional. Para tanto, vestir a camisa não basta. É preciso suá-la.
Redes de funcionários
No que tange ao jornalismo – ou às relações públicas –, as redes de comunicação interna ocupam espaço importante no estímulo aos funcionários. É por ali que a empresa conhece os profissionais mais destacados, as últimas inovações tecnológicas, curiosidades de toda sorte, história e memória, entre muitos outros assuntos. Vejamos cinco possibilidades na área.
1) Intranet: empresas que investem em tecnologia de informação normalmente reservam equipes para manter no ar uma intranet. O conteúdo é exclusivo a quem acessa os computadores do ambiente de trabalho. Digital, a rede interna tem muitos benefícios. O principal deles é a atualização em tempo real, conforme a notícia acontece. Além disso, a perenidade do material produzido, que pode ser revisitado a qualquer momento.
2) Jornal interno: muito comum, o jornal interno é uma ferramenta que tem o mesmo intuito da intranet. Perde, entretanto, na periodicidade, aparecendo com regularidade mensal, bimestral, trimestral e às vezes semestral. A notícia perde em temporalidade, mas é mais valorizada, mais seleta, considerando o espaço limitado do impresso. Além disso, a distribuição de exemplares permite à equipe da assessoria importante interação com seu público-alvo.
3) Revista interna: em se tratando de comunicação organizacional, é muito tênue a linha que separa uma revista interna de um jornal interno. Muitos profissionais da área consideram uma separação semântica desnecessária, pois as duas modalidades publicam os mesmos conteúdos. Em tese, não deveria ser assim. Revista é instrumento vertical que vende uma cultura, uma ideia. Ela deve ter autonomia nas reportagens, não devendo exibir caráter noticioso. Cabe à assessoria ser criativa na escolha das pautas, portanto.
4) Rádio: as rádios da empresa possuem programas específicos para a discussão de assuntos específicos. Não havendo a exigência do hard news, o material produzido é geralmente gravado para depois ser veiculado. A temática permeia-se pelo dia a dia da empresa, isto é, valores noticiáveis que tem o potencial de virar release. Música, entrevistas, reportagens especiais também podem fazer parte da programação.
5) Canal audiovisual: havendo estrutura suficiente – e assessores que tenham uma boa performance na frente da câmera – os canais audiovisuais ilustram aquilo que acontece na organização. Além de informar, constituem uma forma de treinar colaboradores que, porventura, venham dar uma entrevista à televisão. A cinegrafia exige pelo menos um componente da equipe com conhecimentos em edição, bem como a necessidade de um software adequado.
A imagem começa dentro da empresa
Como não poderia deixar de ser, grande parte do conteúdo produzido por uma assessoria visa aos formadores de opinião. Todavia, de nada adianta promulgar uma imagem idônea quando as pessoas que trabalham na empresa – e a conhecem a fundo – não compartilham da mesma visão. Comunicação interna, portanto, é uma forma de motivação que busca valorizar o funcionário, compartilhar seus conhecimentos e destacar suas conquistas. Um bom conceito deve começar de dentro para fora. Elementar.
Contar histórias é função do jornalismo, inclusive para públicos que não sejam de massa. É claro, isso só será possível se as empresas dedicarem uma equipe que faça o trabalho. De outro modo, a malfadada rádio-corredor (boca-a-boca, menos profissional e mais tendenciosa) vira o único meio para conhecer o que se passa dentro dos portões da instituição. Você, empresário, correria o risco?
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Gabriel Bocorny Guidotti é bacharel em Direito e estudante de Jornalismo