Eu o conheci bem quando morei na França, durante o exílio. Publicação conservadora, discriminadora de negros, muçulmanos, gays e outras minorias perseguidas. Até o papa Francisco e a igreja católica transformaram-se em motivos de suas matérias provocativas. O humor que pratica é altamente destrutivo, sem a graça e a sutileza do riso inteligente.
Muitos por aqui estão confundindo-o com o verdadeiro expoente do humor francês, que é o Le Canard Enchaïné, este, sim, modelo de crítica e mordacidade. Um nada tem a ver com o outro.
Não se pode, no entanto, defender nem justificar a reação de grupos extremados que partem para a violência física, como no caso do inexpressivo jornal francês. Mas é preciso ver os dois lados da questão: ninguém tem o direito de tripudiar sobre valores de outras culturas, de suas crenças e tradições, por mais que divirjamos delas.
Se não, dá nisto: o império da intolerância e da barbárie, vizinho das cavernas.
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José Maria Rabêlo é jornalista