O dia 16 de março de 2015 ficará marcado como o Dia Nacional de Boatos em Natal, Rio Grande do Norte. Enquanto uma nuvem de boatos invadia a cidade, os veículos de comunicação tentavam apurar o que era ou não verdade. Assaltos, arrastões, massacre planejado, incêndio no maior shopping da cidade e sequestros foram alguns dos assuntos que passavam como correntes via WhattsApp.
Uma guerra de informações desconexas foi travada. De um lado, os fatos. De outro, as barrigas – notícias plantadas. Não existia veracidade do que estava sendo divulgado, tudo não passava de especulações. Mas a massa absorvia com eficiência o conteúdo e, horas depois, se constatou que “as notícias viraram notícias”. Caos total.
A verdade é que uma série de rebeliões começou acontecer nos presídios e cadeias do estado. Ônibus foram queimados e empresas mandaram recolher a frota que estava nas vias públicas. Consequentemente, a insegurança começou a tomar conta das ruas da capital potiguar. Detentos gravaram vídeos em que fazem uma série de exigências, e o governo do estado solicitou apoio da Força Nacional em virtude da onda de rebeliões no sistema prisional.
A imprensa local acompanhava as manifestações e os ataques aos ônibus. Paralelamente, a imprensa formada pelos que não têm diploma de jornalistas, os sensacionalistas e desinformados, usando o veículo WhattsApp – um dos maiores disseminadores de informações fictícias da atualidade – que destilavam “notícias” repletas de medo e perigo, intranquilidade e terror. Hipérbole. Exagero.
E o “disse e me disse” foi parar na Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social do estado, a responsável por “desmentir” os boatos e esclarecer as verdades. A Secretaria utilizou sua conta oficial no Twitter para “destrinchar” tudo o que estava sendo dito nas redes sociais. Um verdadeiro trabalho de análise de fontes e informações. Boatos resolvidos, fatos confirmados, há quem diga que esse rebuliço transformou em notícia, o que para muitos era notícia, ainda que tivessem sido falsas. Que revolução.
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Wenderval Gomes é jornalista