Wilson Santarosa, o gerente executivo de Comunicação Institucional da Petrobras, deixou ontem o cargo que ocupava desde 2003. Expoente máximo da cota sindical que assumiu cargos elevados na Petrobras no governo PT, Santarosa é muito próximo do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. Foi informado ontem de sua dispensa por um subordinado do presidente da Petrobras, Aldemir Bendine. Isso foi visto como um sinal de desprestígio, já que na estrutura da Petrobras a gerência que Santarosa comandava está ligada diretamente à presidência.
Segundo fontes na estatal, quem assume interinamente o cargo é Luis Fernando Nery, ex-gerente de Responsabilidade Social da Petrobras que ultimamente era responsável pela publicidade. Nery é muito próximo de Santarosa e em 2012 houve suspeita de que ele fosse responsável pela escolha de sua mulher, Patrícia Nery, como rainha da bateria da escola de samba Portela.
Os patrocínios a escolas de samba são algumas das polêmicas que envolveram a gerência, que era responsável pela área de imprensa, responsabilidade social, patrocínios, publicidade e propaganda. Incluem ainda favorecimento a prefeituras aliadas e financiamentos de ONGs de amigos. Ele ocupava o cargo desde o primeiro mandato de Lula e se manteve firme durante a gestão três presidentes da estatal – José Eduardo Dutra, José Sergio Gabrielli e Graça Foster. Caiu menos de dois meses depois que Bendine assumiu.
Sem formação superior – entrou na Petrobras em 1975 como operador de transferência e estocagem – Santarosa tinha no currículo uma passagem pela diretoria financeira da Central de Abastecimento (Ceasa) de Campinas quando assumiu a área institucional da Petrobras. Também tinha sido dirigente do Sindipetro Campinas, da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e secretário-geral da CUT-SP. Só não foi nomeado diretor da estatal porque não tem curso superior. Entre as altas posições foi também presidente do conselho deliberativo da Petros, o fundo de pensão da Petrobras que está sendo alvo dos investigadores externos contratados no ano passado.
Até o terceiro trimestre de 2014, a Petrobras reportou despesas de R$ 1,337 bilhão com a área de Relações Institucionais e Projetos Culturais, que estava na alçada do ex-gerente.
Nem mesmo a proximidade da ex-presidente Graça Foster com a presidente Dilma Rousseff foi suficiente para tirar Santarosa do cargo, apesar de Graça não esconder sua antipatia por ele. Durante pouco mais de 12 anos no cargo, Santarosa perdeu poder quando foi criada a diretoria Corporativa e de Serviços, que tem José Eduardo Dutra como diretor licenciado. Apesar da queda de prestígio, era Santarosa quem coordenava a comissão responsável pelo relacionamento da estatal junto a membros da CPI da Petrobras. Uma fonte graduada disse ao Valor que Santarosa é um dos 150 funcionários sob investigação da auditoria externa que podem ter ação que tenha influência sobre o balanço, de um total de 2 mil investigados. Em nota, a Petrobras informou que “mudanças nas gerências são usuais em momentos de troca de diretoria, como a ocorrida em fevereiro último”.
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Cláudia Schüffner, do Valor Econômico