O que está por trás do impeachment no governo Dilma? Disso podemos supor várias coisas, porém uma é crucial. O interesse das classes políticas e dos meios de Comunicação em fatiar um governo em seu favor, são de perto os panos de fundo do cenário dos jogos dessa avalanche midiática com medíocres interesses. Estão querendo dignificar a política brasileira? Não se iluda, não. Um partido acusa de cá, outro de lá, e no meio disso tudo a mídia golpista dando todos os blocos, espaços e ênfases. A Globo, mais do que nunca, torce para o circo pegar fogo, e reza que a presidenta Dilma esteja debaixo da lona.
Não é de hoje que a quase cinquentona das comunicações, é acusada de driblar, à là Ronaldinho Fenômeno, a Receita Federal, e acumula várias tentativas de abafar os processos na justiça, e quem apoiou a ditadura militar, pelo que parece tenta proclamar uma para os próximos capítulos. Os portais R7, UOL e CartaCapital propagam as falcatruas da TV carioca.
E olhe o que é poder de comunicação. As informações que a denigrem como sonegadora de impostos jamais serão manchete do Jornal da Globo, esse que por sinal, desempenha papel importante em gerar a cada dia um pandemônio em cima do grande agendamento das denúncias da Petrobras.
Mas tudo tem o seu tempo para acontecer, né mesmo? Jamais poderia ser antes ou depois da Copa do Mundo, quando a poderosa do Rio estava almejando lucrar bilhões com o evento. Em 2013, quando houve a onda de protestos, ela não inflou a população contra o governo porque existia um interesse grandioso e, logicamente, não era por 20 centavos que as pessoas gritavam nas ruas. Eram pauta de reivindicações os gastos com a Copa e a corrupção. Mas fazer alarde naquele momento poderia atrapalhar os planos do plim-plim. Mais a diante a transmissão da Copa do Mundo renderia bilhões para os cofres da família Marinho.
Notícia construída
Em outro cenário, com a popularidade do governo em baixa e após vir à tona um roubo histórico, nada mais propício que mostrar a todo o momento, que para o país, não tem solução, senão ir às rias pedir o impeachment do governo. Ledo engano da moçada alienada da direita. Dar o cartão vermelho – cor, inclusive, que a presidenta adora – não será nem de longe a solução, a não ser dar o gostinho aos fanfarrões tradicionalistas da politicagem brasileira. A história se repete e praticamente com os mesmos protagonistas.
Não atentamos ao irmos às ruas. Até parece que se faltou à aula de história. Pois é, pedir o impedimento de um presidente somente abre a deixa para o vice sentar no trono. Não viram o que aconteceu com o Collor? Ele saiu do Planalto e olha quem ficou no lugar? O vice, ora, pois, como diria um português. Itamar Franco ou Michel Temer, qual seria a pior experiência na presidência? Quem aposta aí, protestantes embranquecidos? Exatamente. Brancos e de classe média, ou, mais branca e rica, foram as impressões da BBC sobre o dia de protesto contra o governo, no último dia 15. Uma multidão vai às ruas pedirem o fim de um governo, tendo em mente como uma solução para os problemas do país.
Onde identificamos uma alienação causada pela mídia nesta história? Zumbis vão às ruas pedir o impeachment. Ok! Traduzindo. Pelo o que foi divulgado pelos meios de comunicação, o povo foi protestar sem saber o real significado disso. Uns pediam a volta ditadura, inacreditável de se pensar, outros queriam trocar Dilma pelo temor, digo, Temer. Induzem ao desenformados a irem por esse caminho, ao invés de ir por outro. Pedir a reforma política seria o trilho mais sensato a se tornar. Porque a população não está insatisfeita com um governo, embora a imprensa insista em construir isso, porém o que não se tolera mais é a corrupção. Se o ponto fosse esse, o governo em questão não teria sido reeleito.
Nem tudo que passa nos reclames e muito menos nos jornais, devem ser levados como versão real dos fatos, o jornalismo comercial sempre prezará primeiramente pelos seus interesses, em segundo daqueles quem paguem bem, e em terceiro, cuidará por tudo aquilo que eles queiram que o povo acredite. O fato pode ser real, mas o direcionamento da notícia sempre será repassado pela ótica do real idealizado pelas empresas de comunicação. Não ponderamos! A notícia é construída pela mão de quem a propaga. Por esse pensamento temos os protagonistas, não do fato, mas da notícia. Pelo meio, muito mais que pelo o jornalista, podemos supor o caminho que a informação irá trilhar e quais os seus adornos.
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Francisco Julio Xavier é jornalista