Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A cobertura parcial da mídia

Através do presente vimos denunciar os fatos relacionados à greve de funcionários, professores e estudantes da USP, Unicamp e Unesp, onde a participação da mídia, na maioria das vezes prestou desserviço para a população, procurando criar um ambiente de que a mobilização servia-se de vandalismo, muitas vezes produzindo matérias para desqualificar o movimento, chegando ao cúmulo de forjar fotos (divulgadas no Estado de S.Paulo) sinalizando que havia baderna e ameaça ao patrimônio público, como ocorreu durante a ocupação da reitoria da USP, e nas demais manifestações que se sucederam na Unicamp e Unesp.

Aqui na Unicamp, além de sermos vítimas dos grandes jornais, também a empresa de jornal local (proprietária dos três jornais da cidade), fez uma campanha cerrada contra a mobilização na universidade, procurando poupar de ataques o PSDB e o governo Serra e apostou na desqualificação do movimento. Para isso, além dos jornalistas que acompanharam as mobilizações, o jornal Correio Popular colocou um colunista, Edmilson Siqueira, para diariamente atacar o movimento de forma desqualificada, mentirosa e desrespeitosa. Em 30 (trinta) dias de greve publicou 17 (dezessete) colunas no jornal Correio Popular. Este jornalista chegou a pedir, na coluna que assina, a demissão de uma funcionária, que identificou como militante do PT, que estava fora do horário de trabalho acompanhando uma assembléia dos estudantes, e manifestou seu apoio aos estudantes usando adesivo feito à mão em cartolina, dizendo-se ‘líder da ocupação’ que os estudantes promoveram na Diretoria Acadêmica (DAC), sendo fotografada pela reportagem do jornal que publicou a matéria. A seqüência de bombardeios desse colunista gerou indignação, despertando movimento de funcionários e estudantes.

Ao discutirmos essa questão com a diretoria desta entidade sindical e com a categoria que representamos, levamos em consideração o papel que a mídia monopolista tem na atual conjuntura. Ela assume a condição de um quarto poder e se coloca a serviço dos valores neoliberais e das forças que representam essa política. Dessa forma, tudo que não representar livre comércio, elogio à empresa privada, apologia da mídia oligopólica como critério de liberdade e democracia merece ser atacado. Defender o Estado nacional e soberano e seu papel como regulador das políticas redistributivas, ou defender a esquerda, o socialismo, é uma grande afronta aos detentores desse poder. Daí a grande ofensiva contra os partidos e aos movimentos sociais.

Solicitamos a Vossa Senhoria que se manifeste e discuta a questão, já que é fundamental a luta pela democratização e liberdade de imprensa.

Certos de contar com a colaboração, apresentamos nossas saudações sindicais.