A coluna ‘Repórter 70’ (13/10) anunciou que a edição dominical de O Liberal, no dia anterior, dedicada ao Círio de Nazaré, ‘foi a maior de todos os tempos, com 388 páginas, contemplando suplementos, revistas e números especiais’. Duvido que seja de fato. Acho que o jornal já teve edições de mais de 400 páginas no seu aniversário, em 15 de agosto, sob Romulo Maiorana, o pai. Mas aceitemos que a edição de 12 de outubro tenha sido mesmo a recorde. Ainda assim, é falso computar 388 páginas.
Na verdade, O Liberal foi às ruas com 303 páginas formato standard. A diferença tem uma explicação: o jornal conta as páginas em tamanho tablóide como se fossem normais para poder apregoar mais volume. A edição de domingo teve 166 páginas tablóides distribuídas em vários cadernos, correspondendo a 83 páginas em formato convencional. Já as páginas normais somaram 220. A soma resulta em 303 páginas, 85 a menos do que foi apregoado pela principal coluna do jornal.
Ainda assim, no domingo de Círio O Liberal foi maior do que o Diário do Pará, que circulou com 298 páginas, cinco a menos. A diferença se deveu aos encartes, em formato tablóide, mais robustos no jornal dos Maiorana por causa da revista Troppo e do C & D, dedicado a habitação e decoração, que foi deslocada do sábado para o domingo. A cobertura de variedades de O Liberal é bem melhor do que a do concorrente. É porque o jornal dos Maiorana ainda tem curso mais franco nas classes A e B do que a folha dos Barbalho, embora o Diário tenha apresentado evolução expressiva nesse segmento do mercado.
Jogo pesado
Em compensação, na área de negócios os dois jornais, em sua feroz competição, na qual todos os recursos são considerados normais, criaram um hábito: todo anunciante precisa veicular numa e noutra publicação, sob pena de represálias. As exceções se devem a incompatibilidades de origem ou a algum marketing específico de cada ‘casa’, sobretudo quando se trata de permuta. Não espanta que os cadernos de ‘Mercado’ de O Liberal tenham tido apenas uma ligeira vantagem (84 páginas) sobre os cadernos de ‘Negócios’ do Diário, com 80 páginas.
De qualquer maneira, a relação demarca um novo equilíbrio, a contrastar com tempos recentes, quando Mauro Bonna deixava seus irados concorrentes de O Liberal bem para trás (em compensação, o Diário penetrou no mercado dos classificados com uma profundidade que nenhum outro conseguiu). Parece que os Maiorana partiram para a guerra total, tanto na frente comercial quanto no front político. Nesse jogo, tudo que estiver do joelho para cima será tido como canela.
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Jornalista, editor do Jornal Pessoal, Belém, PA