Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

A Copa é deles

A verdade é que não é de hoje que o esporte (principalmente o futebol) é usado lamentavelmente como ópio do povo. É a ‘política do pão e circo’ já utilizada no Império romano e tem como objetivo esconder os profundos problemas que a sociedade enfrenta, ofuscando os defeitos sociais e econômicos durante o período do evento esportivo.

No caso de Mato Grosso, a Copa do Mundo não deixa de ser um importante evento futebolístico, empresarial e turístico. Mas será que tanto dinheiro à disposição de maus políticos trará um bom resultado? Será que nos restará somente a ilusão de esquecer por alguns dias que existe pobreza, que nossas cidades não têm água potável, que os administradores vendem ruas – aumentando o caos no trânsito – e só falam na próxima eleição?

Permitimos uma rápida ilusão e vamos parafrasear as ‘Organizações Tabajara’ porque ‘todos os problemas se acabaram’: Blairo Maggi criou a Agência da Copa e escalou um timão de primeira para comandar o espetáculo. Eles já começaram a trabalhar, cada um já conquistou estabilidade no serviço público (sem concurso), começou a receber um salário de dar inveja à dupla Bosaipo/Julio Campos e já estão nomeando mais aspones. Que maravilha!

Um errinho à toa

Até um coronel da Polícia Militar, responsável por uma covarde agressão ao Gilmar Brunetto (Gauchinho) valendo-se de uma falsa ordem judicial, garantiu a sua boquinha como ‘fiscal da Copa’ em Mato Grosso.

‘Eles’, os politicóides, foram criteriosos na escolha do plantel dos ‘fiscais da Copa’: não se exigiu formação técnica no setor, experiência ou qualificação, enfim, esses detalhezinhos descartáveis (para ‘eles‘). Bastou aos postulantes apresentarem ligação política com algum dos caciques de plantão, mas restou obrigatório que tenham contra si processos por improbidade administrativa. Esse quesito era fundamental e condição sine qua non para a nomeação. Teve um postulante que apresentou um processo trabalhista de sua empregada doméstica. Foi aplaudido de pé pelos colegas!

E vamos às obras. Lá vai a Agecopa (é esse o nome, parece remédio), prepara a sua primeira obra, a duplicação da rodovia para a Chapada. A torcida gosta, aplaude, a obra é essencial. Mas… o que é isso? A obra é ilegal? Só porque faltou estudo de impacto ambiental? Ora, isso foi um errinho à toa. Vocês vão ver na hora da prestação de contas.

E aí, você ainda acha que a Copa do Mundo é nossa?

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Militantes do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral), Comitê de Mato Grosso