A aftosa tem servido para algumas empresas justificarem demissões e fechamento de unidades na Região Centro-Oeste. O interessante é que a maior parte da imprensa tem qualificado a ‘aftosa’ como o vilão de crises que se estenderam durante todo o ano de 2005.
Caso recente na imprensa de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás é o do Frigorífico Margen, que em 3 de janeiro anunciou o fechamento de três unidades em MS e o possível encerramento das atividades também numa indústria de MT e outras duas em Goiás. As três últimas foram confirmadas na segunda semana do mês. Segundo a direção do frigorífico e a imprensa de Campo Grande, a causa foi a aftosa.
Em choque
Entretanto, não há dúvida de que 2005 não foi o ano do Margen. Uma dezena de acusações partiu de governos estaduais, municipais e federal, dando conta de sonegação de tributos e dívidas com o INSS que, juntas, somam R$ 150 milhões. E isso não é tudo. Com a credibilidade afetada, o frigorífico passou operar sem crédito dos bancos, e aquela antiga acusação de produtores contra frigoríficos foi vista da forma mais explicita possível: o Margen só conseguiu operar porque usa prazo de 30 dias de pagamento do gado dos produtores como moeda de crédito.
Aqui em Mato Grosso do Sul o resultado foi que três unidades do frigorífico foram fechadas: Paranaíba, Naviraí e Batayporã, que geravam, respectivamente 450, 400 e 150 empregos, todos extintos. Em todo o país, as demissões nessa empresa chegam a 1.810. Para se ter uma idéia da produção do Margen, na unidade de Batayporã/MS eram abatidas até 700 cabeças de gado por dia; em Paranaíba/MS, até 600 animais, e em Naviraí/MS, 300.
Os fatos que envolvem essa empresa, importante para vários municípios da Região Centro-Oeste, não estavam na pauta dos jornais, TVs e sites, que acabaram servindo de meio de para justificativas que entraram em choque com as informações de mercado, que já davam conta do colapso há pelo menos seis meses.
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Jornalista do Canal do Boi e www.agronoticiasms.com.br, mestre em Produção e Gestão Agroindustrial