Sunday, 17 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

A entrevista do Nem na Época

Gostaria de ler no Observatório um texto sobre a decantada entrevista do traficante Nem, feita antes de ser preso, nas páginas da Época. Na minha época, traficante era um ser trancafiável, não entrevistável. Tanta gente com o que dizer no país para ser entrevistada e a Época dando voz a um assassino. (Marcio G. Gomes, jornalista, Rio de Janeiro, RJ)

 

Reflexões sobre a morte do cinegrafista

A morte do cinegrafista Gelson Domingos da Silva, da TV Bandeirantes, no domingo (6/11), no exercício da função jornalística, na cobertura in loco de uma incursão policial, numa favela da Zona Oeste do Rio, uma área conflagrada pela atuação do narcotráfico, deve nos levar a reflexões sobre tais missões, de altíssimo risco para a integridade física dos profissionais de mídia, face à violenta e permanente guerra que vivenciamos no Rio. Até onde vai o limite do profissionalismo na obtenção do furo jornalístico, na transmissão em tempo real de um violento confronto entre policiais e marginais da lei, ou mesmo entre facções criminosas rivais, e o resguardo da vida do profissional de imprensa? Que tipo de equipamento, de relativa segurança para proteção individual, possuem para o desempenho de tão complexa missão? Que tipo de treinamento e adestramento possuem para a progressão segura e abrigada em morros e favelas, locais geralmente íngremes, de difícil acesso, quanto mais quando se porta pesado fardo de coletes à prova de bala, capacetes de proteção, câmeras e equipamentos ? Há de se convir que a missão do repórter e do cinegrafista, autênticos correspondentes de uma das mais violentas e sangrentas guerras urbanas de que se tem notícia na história do mundo, é das mais complexas e difíceis.

Repórter policial não é profissional de polícia, muito embora acabe se tornando personagem vulnerável nos confrontos à bala, situados na linha de tiro, com pouca mobilidade de progressão, às vezes em locais de difícil abrigo, sujeito a ser vítima, como foi Gelson Domingos, da potência de uma arma de guerra altamente letal. Um alvo vulnerável de perigosos marginais da lei, de posse de armas de destruição humana que continuam adentrando aos morros e favelas do Rio, que não se consegue explicar como chegam. Há que se entender que são confrontos a curta e a média distâncias, o que os torna ainda mais letais.

Doravante, após o lamentável episódio que ceifou brutalmente a vida de um dedicado e corajoso profissional do jornalismo, além de equipamentos de segurança mais eficazes e resistentes – justa e antiga reivindicação dos sindicatos de classe –, o treinamento de tais profissionais, em campos de instrução militar, que os ensinem a progredir em terrenos acidentados com menor risco, são mecanismos de defesa pessoal necessários e imprescindíveis para atuação na linha de frente. A violenta guerra do Rio, onde ninguém está a salvo, há muito tempo está a exigir. Há uma linha tênue entre o profissionalismo jornalístico, o amor à profissão e o resguardo da vida. Esta, sim, o maior bem tutelado. (Milton Corrêa da Costa, coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro)

 

Reajuste, greve do Judiciário Federal

Acompanho o programa dos senhores há alguns anos e o considero muito bom. Lamento que a imprensa não siga o modelo de análise que o programa faz. Gostaria de pedir que analisem o fato dos jornais na TV, impresso, rádios e internet, quando se referem ao movimento de greve do judiciário federal, simplesmente não mencionam o porquê das reivindicações, não mencionam que estamos sem reajuste e sem aumento há cinco anos, fazem a reportagem de forma que parecemos “marajás” e ganhamos fortunas, o que é inverídico. O salário de um técnico judiciário federal é de 3.900 reais líquidos. Nenhum jornal cobre de forma verdadeira este assunto e nunca menciona o fato de dependermos do Executivo e que este reajuste, que é constitucional, não está sendo cumprido. Por favor, analisem (Joel Martins, servidor público judiciário, São Paulo, SP)

 

Nova versão da Caverna de Platão

A nova versão da Caverna de Platão é a ponte da Água Espraiada. Estamos presos no Morumbi, vendo a Globo mostrar a imagem daquela ponte-símbolo de progresso. O engano está na utilização. Para pegá-la, temos que passar pela tortuosa ponte Morumbi, ou a congestionada ponte João Dias. Na volta, caímos nas marginais congestionadas. Onde esta o progresso? (Alaer Garcia, médico e filósofo, São Paulo, SP)