Lá pelos idos de 1996, Francisco Everardo Oliveira Silva, mais conhecido como Tiririca, estourou do norte ao sul do país com o cômico e ingênuo hit Florentina. Naquele ano, o cantor-humorista se tornou um verdadeiro fenômeno do entretenimento brasileiro entre crianças e adultos que se divertiam com seu comportamento e linguagem, digamos, bastante pitorescos.
Na época, Tiririca também foi alvo de algumas polêmicas com a Justiça. Primeiro, ele foi acusado de plagiar a cantiga que o levou às paradas de sucesso, a tal Florentina. Depois, o cantor-humorista se viu em meio a acusações de racismo por causa da música Veja os cabelos dela. No entanto, acabou absolvido dos dois processos.
Este ano, a estória se repetiu. Tiririca se mostrou novamente um fenômeno. Só que desta vez no âmbito da política. O cantor-humorista se candidatou a deputado federal pelo Partido da República (PR-SP) a contragosto da grande mídia nacional, que demonstrou isso com uma cobertura que beirou o ridículo, focando sempre os aspectos negativos do cidadão Francisco Everardo Oliveira Silva.
Com uma campanha eleitoral que misturou humor, ironia e sarcasmo, ele foi presença quase diária nos jornais, revistas, sites e telejornais. O bordão ‘Pior do que tá não fica’ virou mania nacional e o levou a novas polêmicas, desta vez com o Ministério Público de São Paulo. Como sinalizavam as pesquisas, Tiririca venceu as eleições e teve mais de 1,3 milhão de votos, levando consigo três companheiros de coligação.
Rindo do ‘circo’
Passado o pleito eleitoral, Tiririca ainda continua sendo pautado pela mídia. A polêmica gira em torno de seu nível de escolaridade, o que pode acabar impugnando sua candidatura, já que a Constituição Federal estabelece que analfabetos não podem concorrer a cargos políticos. De acordo com a revista Época, existem vários indícios que apontam que Tiririca não sabe ler nem escrever.
O que dá para perceber, até agora, é que, mantendo-se calado e ‘avesso aos holofotes’, fazendo bastante suspense sobre sua escolaridade, Tiririca acaba por manipular (in)voluntariamente a mídia a seu favor. Com isso, ele traz novamente todas as atenções para si mesmo e acaba ‘ganhando tempo’. Só que ninguém vai descansar até saber se o cantor-humorista-político é ou não analfabeto.
Mas Tiririca é, antes de tudo, um grande artista. Talvez, ele deva (ou não), nesse momento, estar rindo de todo esse ‘circo midiático’, enquanto todos nós ficamos à espera de uma resposta.
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Jornalista e mestrando em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)