Deveriam merecer maior investigação da imprensa duas reportagens: a da revista Época revelando a ligação do governador Alckmin com a Opus Dei (edição de 16/1) e a da Folha de S. Paulo (de 21/1/05) revelando a ‘doação’ pelo governador tucano de uma área ao Grupo Canção Nova, braço conservador do catolicismo que tem o secretário Gabriel Chalita como expoente (carismáticos, Opus Dei e TFP caminham de mãos e terços colados).
Em ambas está presente a ligação com uma certa mídia que tem a fé como produto e o conservadorismo como política.
Aliás, quais as diferenças – e as convergências – entre Civitas, Marinhos, Frias, Mesquitas, Saads, Macedos, Sirotskys, Magalhães, Abibs, Abravanels e D. Manuel I, D. João VI, Pedro II, Deodoro, Prudente de Morais, Dutra, Castelo Branco, Roosevelt, Eisenhower, Bush, ACM, FHC, Serra, Aécio ou Geraldo?
Qual a diferença entre liberdade de imprensa e liberdade de empresa, ou de famílias e assemelhados? Capitanias hereditárias e mídia proprietária/partidária têm a mesma raiz e donatários? Controle social rima com censura?
Uma indagação deve perseguir sempre o leitor/eleitor/ouvinte/telespectador nesses tempos descarados de (desin)(contra)(de)formação/formatação/adequação da notícia: a radicalidade na luta pela democratização da informação é ou não é tão ou mais importante que a reforma agrária, que o preço do pão, do arroz, da farinha, do feijão, do fubá, da média, da coxinha ou do biscoito de polvilho?
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Jornalista, São Paulo