Friday, 15 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

A imprensa cultua mais os ricos ou os mortos?

“Aqui os mortos são bons, pois não atrapalham nada; não comem o pão dos vivos, nem ocupam lugar na estrada” (Belchior)

O programa Fantástico, da TV Globo, exibiu em 02/04/2011 reportagem sobre o ex-vice-presidente José Alencar. Foram exaltados o caráter e a personalidade do mesmo, mas uma coisa chamou a atenção: no início da reportagem exploraram bastante o fato de ele ser um autodidata e não ter escolaridade. Considerando o império montado por ele, realmente é impressionante tal fato, chama a atenção e nos lembra que empreendedorismo independe de formação.

Mas por outro lado, fica a pergunta: por que sempre se criticou isto no ex-presidente Lula? Muitos cronistas famosos até hoje fazem piada da pouca escolaridade de Lula. Diferentemente de José Alencar, Lula não montou um grande império e não ficou milionário, mas, independentemente de preferências políticas, não se pode negar sua importância na história recente do Brasil (com diploma ou sem diploma).

Não há uma lógica nesta diferença de tratamento, o que leva a pensar que o importante para se ter respeito da sociedade e principalmente da imprensa é ser rico ou estar morto (de preferência, os dois). Provavelmente, se Lula tivesse usado suas habilidades para montar uma grande empresa teria conquistado mais respeito da grande imprensa e da elite brasileira do que por sua atuação como presidente da República.

Após o seu falecimento, quem viver verá o tratamento dado pela imprensa.

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Engenheiro de Produção, São Caetano do Sul, SP