Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A mídia poderia ser mais verde

Os olhos voltados para Copenhague. A mídia volta suas baterias para a reunião de líderes… E como anda nossa floresta amazônica? Tema batido, mas não rebatido com a devida propriedade, pois vivo desconfiando dos números oficiais. A mídia tem se esforçado. Tem profissionais devotados, como o André Trigueiro, a Paula Saldanha, entre alguns que enveredam verdadeiramente por esse mister. Mas, assim como as pautas de Educação, precisam ser requentadas quando se aproximam reuniões como essa no país nórdico.

E aí, dá-lhe China, Obama, e por aí vai. Necessários, mas, e a Amazônia? Essas reflexões vieram bater em minha porta ao assistir ao filme, de 1971, Sometimes a Great Notion, ou Uma lição para não esquecer, como ficou o título em português. Nele, vemos americanos desmatando nas filmagens com voracidade e sem maiores questionamentos. Esse filme merece ser visto, inclusive, por Obama, para repensar o que eles fizeram por lá e o que fazemos por aqui.

E os efeitos de rebote já nos são, infelizmente, familiares: rios secos, peixes mortos. Tenho medo de quando o fim da Amazônia começar a ser uma realidade não tão mais distante e entrar no livro das não virtudes humanas e brasileiras.

Como revidar às agressões?

Em um seminário recentemente promovido entre o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) e o Conselho de Manejo Florestal (FSC), reunidos em Belém, representantes do governo, empresariado, ONGs e movimento social discutiram o contexto do manejo e certificação florestal no Brasil. Temas como manejo comunitário em unidades de conservação, reservas extrativistas, certificação sócio-participativa, manejo florestal empresarial e questão socioambiental foram discutidos durante o encontro.

Alguns dados levantaram polêmica e preocupação: o Brasil detinha, à época, a marca de três milhões de hectares certificados pelo FSC (Forest Stewardship Council) – selo de certificação com maior credibilidade internacional –, mas corre o risco de reduzir essa área se não criar políticas públicas condizentes com a realidade do país. Empresas certificadas estão fechando suas portas diante tantas dificuldades para a aprovação de seus Planos de Manejo perante o Ibama. Os produtores do PFCA afirmavam que a burocracia, inércia e falta de estrutura do órgão é enorme.

E daí vem o dilema: quem procede de maneira correta e respeita a natureza não consegue aprovar seus planos de manejo. E quem é desonesto, agride a natureza, falsifica as aprovações, as vezes é preso em megaoperações da Polícia Federal (e dependendo do negócio, das conexões, e do quanto tiver faturado, corre sério risco de ser solto…).

Em meio a holofotes, focos de incêndio e descobertas de números alarmantes de ataque ao nosso maior patrimônio, resta à Amazônia revidar como pode às agressões recebidas. Com ou sem Copenhague, e colete para se mostrar ‘engajado’ em ministério, sem regras, clareza, responsabilidade e compromisso, nossas esperanças amazônicas virarão cinza. Madeeeiiiiraaaa!!!

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Jornalista, radialista, diretor de redação da revista Fale!Brasília e ex-consultor de comunicação da Rede GTA