O chamado ‘jogo democrático’ brasileiro, muitas vezes, não passa de uma abstração na cabeça de intelectuais e demagogos. Suas instituições estão totalmente caducas. Tanto o Executivo como os Legislativos estão infiltrados de gente de moral e honestidade duvidosa. A Justiça brasileira é pífia. Não é apenas cega, mas também paralítica. Só não é lenta quando o assunto é aumento de salários e manutenção de privilégios de quem dela faz parte. Enquanto isso, o povo, a tudo assiste como quem acompanha o ‘big brother’. Quem sai vencedor do jogo? Quem manobrou melhor seu adversário? Quem fez aliança com quem? Quem conseguiu impunidade? Opina de vez em quando, mas a sua expectativa é pelo final.
Um dos elos de possível comunicação entre uma parcela desse povo e as suas ‘instituições democráticas’ é sem dúvida a imprensa. Não vamos chegar ao absurdo de chamá-la de ‘quarto poder’, pois seria ridículo e exagerado, mas ela está aí mediando as coisas. É uma vitrine do que acontece, sendo decorada de acordo com a conveniência de quem dela se serve.
Acredito que poucos são aqueles, que nesse país, ainda tenha alguma ilusão sobre a tal integridade, objetividade e principalmente independência de nossa imprensa, ou do seu diletantismo ideológico. O povo brasileiro que sempre foi às ruas quando chamado, amadureceu na base da porrada e já não tem mais ilusões sobre muita coisa e procura viver o seu dia a dia da melhor maneira possível.
Moral frouxa
Neste contexto se insere a Veja e nela o Sr. Mainardi. A Veja está para a imprensa escrita, assim como a Globo está para a televisão: sempre foi um campeão de audiência dizendo meias verdades e buscando maquiar o sensacionalismo travestindo-o com uma aura de sofisticação duvidosa. E o senhor Mainardi? Bem, assim como a Globo produz suas starlets a Veja produziu o Sr. Mainardi. Ele é uma espécie de Sabrina Sato, têm muito em comum: ambos, para compensar a falta de conteúdo e talento, ganham a vida mostrando o traseiro pelas revistas do país.
Pessoalmente, os atributos que Sabrina tem a oferecer me chamam mais a atenção. É uma moça simples, que luta, com as armas que tem para deixar de sê-lo. Busca os holofotes da fama, de maneira bastante transparente, basta ver as suas roupas. Já o Sr. Mainardi não precisa se despir para conseguir as luzes das celebridades. Como uma Tiazinha invertida, ele despe os outros pelo achincalhe moral, algumas vezes diretamente, muitas vezes travestido do que ele chama de ironia.
No país da ‘moral frouxa’, muitos ficam indignados. Menos pela audácia, mais pela impunidade: o rapaz tem um grupo empresarial, a Abril, que o socorre, protege e banca. Da mesma forma que um pai rico faz com o filho. Infelizmente, nem todos os brasileiros têm pai rico – no caso de Sabrina, dizem que era o pai o negociador das fotos da filha com as revistas masculinas, mas mesmo assim as negociações não foram fáceis. Não se despe uma filha por poucas moedas. Já sobre o caráter das negociações do Sr. Mainardi, ninguém sabe ao certo, mas muitos opinam sobre seu caráter pessoal e a maioria concorda comigo: preferem a moral da família Sato!
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Psicólogo, Curitiba