Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A notícia como espetáculo

A imprensa brasileira, sobretudo os telejornais diários, tem dado ênfase descomunal quando trata da veiculação de noticias sobre a violência e o crime – fatos corriqueiros no cotidiano das grandes cidades brasileiras.

Por vezes, presenciamos apresentadores aos berros, insultando, usando métodos pouco convencionais, tudo em nome da audiência e da busca insana e desenfreada por telespectadores, os quais, sem visão crítica de conteúdo, inapelavelmente acabam sendo fisgados pelo pseudo-jornalismo de cada tarde-noite.

A maneira com que é tratada a notícia sobre o crime e a violência nos meios de comunicação faz com que, por vezes, acreditemos estar vivendo em uma sociedade impraticável, do ponto de vista da sobrevivência e do cotidiano de cada cidadão brasileiro. A execração midiática e a superexposição que os criminosos recebem andam longe do respeito e do direito que lhes é reservado pelas leis vigentes.

‘Narrativização’ da informação

Fica fácil entender a razão pela qual existe opinião maciça da sociedade quanto ao ‘olho-por-olho e dente-por-dente’ no tratamento de criminosos, uma vez que a mídia, previamente e de maneira leviana, se encarrega de sentenciá-los e ‘jogá-los’ às margens da sociedade, no bojo da opinião pública, sem que haja no mínimo, o direito de defesa e a chance de – mesmo que improvável – recuperação por parte dos criminosos.

‘Âncoras ambulantes’, os promotores do espetáculo dão um ‘show’ a parte, balbuciando pelos cantos da boca e instigando o telespectador a também sentir o ímpeto da indignação e do ódio ante os acontecimentos e as notícias de crimes que pipocam nos meios diariamente. São repetitivos à exaustão e, na maioria dos casos, apenas fazem a ‘narrativização’ da informação, num contraponto ao verdadeiro intuito da informação genuína, verdadeira, instrutiva, que transforma e que, sobretudo, prepara o cidadão para as tomadas de decisão diárias, num processo de crescimento constante e ininterrupto, ingredientes imprescindíveis na formação de um país politizado e, por conseguinte, próspero.

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Estudante de Jornalismo da Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, SP