Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A omissão da imprensa brasileira

Se a população tem que utilizar a televisão para conhecer a sua identidade cultural e pertença a um continente, será quase impossível saber que o Brasil e seu povo pertencem à América Latina e formam parte ativa de blocos econômicos como o Mercosul, Unasur e o Grupo de Rio. A mídia, em geral, e a televisão em particular, apresenta um tratamento informativo da reunião dos 29 presidentes da América Latina e o Caribe muito longe da importância que dita reunião tem para o país e a região como um todo.


A mídia não sabe, ou não quer, aproveitar a visita ao Brasil dos presidentes de todos os países do continente. A mídia não apresenta entrevistas com os protagonistas. O Brasil tem, neste momento, alguma diferença econômico-diplomática com Equador e Paraguai, mas, mesmo assim, os cidadãos não podem escutar as vozes dos presidentes Fernando Lugo ou Rafael Correa, por exemplo.


O continente é outro


Resulta surpreendente que as maiores empresas de comunicação (ou deveríamos falar só empresas), não acompanhem ‘ao vivo’ os debates e resoluções que podem mudar a vida, para melhor ou pior, do povo da região. Alguns meios apresentaram a informação do evento restrita ao âmbito local, como é o caso da TV Bahia, afiliada à Globo, quando são 33 países participando da reunião de cúpula. É muito complicado entender os conceitos da ‘globalização’ mundial quando a mídia não tem olhos nem sequer para países vizinhos e as suas relações com o Brasil.


Independentemente das simpatias ou não pelos presidentes da região, um dos papéis da mídia deveria ser o de informar a fundo sobre a dimensão desses eventos, ao menos com a mesma ênfase e prazer que demonstraram informando, sem sintomas de cansaço, as eleições nos EUA e o dia-a-dia do próximo presidente Barack Obama, a ponto de informarem qual será o cachorro que a família Obama vai levar para a Casa Branca.


A mídia brasileira deveria entender que o Brasil está dentro de um continente, a América Latina, e não na América do Norte.

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Químico, doutor em Fisiologia pela Universidad de Buenos Aires, Argentina, pós-doutor em Neurociência pela Universidad Complutense de Madrid, Espanha e Universidade Federal da Bahia