Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A paralisação e o silêncio de sempre

A operação-padrão da Polícia Federal, realizada no último dia 18, causou transtornos e filas nos aeroportos do país, castigando os já ‘cansados’ usuários – e foi amplamente noticiada nos meios de comunicação. Tratava-se de uma greve de 24 horas para pressionar o governo federal a negociar acordos com a categoria.

Nada mais ‘natural’ e democrático que o direito de tais protestos (apesar dos transtornos), e também o de repercuti-lo – uma pena, no entanto, que outras categorias não mereçam a mesma atenção da mídia, quando se mobilizam para pressionar o governo federal ou estadual – (MST à parte, pois não se trata propriamente de uma categoria de servidores públicos).

No dia anterior ao mencionado protesto da Polícia Federal, os professores do estado de São Paulo (juntamente com representantes da polícia militar e dos servidores da saúde) também organizaram o seu, com uma paralisação/protesto de um dia, na capital (e em muitas cidades do interior), inclusive com marcha na Avenida Paulista e visita à Assembléia, para negociar uma pauta de reivindicações com o governador.

Teorias da moda

Segundo o sindicato dos professores (Apeoesp), chegou-se a uma trégua para se evitar uma greve de imediato, enquanto se negociam salários e condições mais dignas de trabalho. A trégua está prevista para durar até o dia 08 de maio – não havendo acordo, não restará outra opção senão a greve, sempre tão desgastante para os profissionais e população, além de passível de manipulações midiáticas, em reportagens que costumam realçar somente os prejuízos dos alunos e pais.

Por ora, a mídia não parece muito interessada nas reivindicações dos professores paulistas (nem dos policiais ou servidores da saúde): basta atentar para a repercussão do movimento do último dia 17 de abril – perdura um silêncio nada inocente a esse respeito.

Talvez porque não seja conveniente abordar e analisar questões tão delicadas, nem discutir políticas públicas de salários dos servidores, nada mais sem graça do que ter de noticiar a dura rotina/realidade de educadores e alunos em sala de aula. Não vale a pena incomodar o senhor governador com tais questiúnculas.

Para a mídia (em especial a impressa), parece mais cômodo tentar ‘elevar’ o nível das discussões acerca da educação (saúde e segurança), dando enfoque para a visão das autoridades sobre o assunto ou ouvindo os ‘entendidos’ de plantão, com suas mirabolantes teorias da moda.

Aos servidores (e seu grito de alerta) e à população o dispensado tratamento de sempre: o silêncio.

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Funcionário público, Jaú, SP