‘Quem – e para que – vazou o grampo no telefone do presidente do Supremo?’
Com esta pergunta simples, perturbadora e que ninguém consegue responder há pelo menos duas semanas, o jornalista Luiz Weis encerra um comentário no seu blog do Observatório da Imprensa [ver ‘Mais peças no quebra-cabeça‘].
Perguntas simples são sempre perturbadoras, mas esta questão do grampo no telefone do presidente do STF não pode ficar sem resposta por muito mais tempo. As matérias de capa da Época e da IstoÉ neste fim de semana deram uma dimensão ainda maior à pergunta de Weis.
Então, oficiais da ativa trabalharam na Operação Satiagraha? As forças armadas forneceram elementos para investigar o dono do Banco Opportunity, que estava prestes a consumar uma megafusão na área da telefonia que tanto interessava ao governo?
Ai aparece o chefe-de-gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, que em entrevista ao Estado de S.Paulo declara que ‘estamos no meio de um pântano, se acreditar em grampo vou ficar louco’.
Gilberto Carvalho não foi apenas grampeado pela Polícia Federal, mas verificou pessoalmente que a PF e a Abin colaboram numa investigação judicial, o que é teoricamente proibido.
Como se não bastasse, a Folha de S.Paulo revelou também no domingo (14/9) que por menos de mil reais qualquer cidadão pode quebrar o sigilo do histórico das chamadas telefônicas de outro cidadão, o que também é inconstitucional.
Compreende-se a preocupação da mídia brasileira com a ameaça de secessão na vizinha Bolívia. O que não se entende é a falta de respostas a uma pergunta que revela um dramático confronto nos bastidores da República: quem – e para que – vazou o grampo no telefone do presidente do Supremo?