Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A (re)democratização da informação

Estamos vivendo um novo patamar de relações entre os homens e destes com as organizações e o conhecimento humano. Quando a moderna tecnologia da informação começou sua popularização através do início de seu acesso aberto para escolas, famílias, grupos sociais e cidadãos em geral – isso, no final dos anos 80 – através da internet, a tendência dos grupos era de utilizar a ferramenta para buscar e deter informação. Tomando ao pé da letra a máxima de que ‘quem tem informação tem o poder’, muitos acreditaram que deter o conhecimento deveria ser uma coisa exclusivista, particular, fechada. Isso queria dizer que abrir os arquivos para terceiros seria perder o poder ou, no mínimo, dividi-lo com a concorrência.

Algum desavisado poderia indagar-me agora: ‘Mas este pensamento não está estrategicamente correto?’ Felizmente, não foi esse o caminho que tomamos até pelo fatos comprovarem o contrário. O segredo da evolução humana – e, por relação, das nações e organizações – está no compartilhamento das informações. Acumular informações em um banco de dados para que o concorrente não tenha acesso é uma mera ilusão de poder. Se há alguma dúvida, tente imaginar como seria o combate ao crime internacional sem a democratização do acesso às informações policiais de cada país. A Interpol simplesmente não conseguiria sobreviver.

Uma exigência premente

Este compartilhamento, ao contrário do que muitos ainda insistem em defender, tornou-se uma estratégia de marketing para as organizações. Algumas empresas estão solucionando gargalos, resolvendo problemas e ampliando seu alcance graças ao compartilhamento de informações e criação de uma rede natural de colaboradores. A coisa funciona de forma simples: ao colocar um assunto ou questão em debate, gera-se um grupo de discussão de onde, invariavelmente, surgem idéias inovadoras que podem ser encaixadas perfeitamente em uma ou outra situação de mercado, por exemplo.

Exatamente, meu amigo! A empresa termina por receber serviços de consultoria técnica sem correr o risco de acatar a orientação de um único profissional – contratado por ela –, nem sempre qualificado para a determinada questão em análise.

É bem verdade que alguns níveis de informação são e permanecerão na categoria de sigilosas, mas estamos falando de conhecimento humano, global e evolutivo. Não há sentido, por exemplo, em manter nas estantes das bibliotecas universitárias o conhecimento gerado por pesquisas, estudos e experimentos. É exigência premente que sejam efetivamente públicos, no sentido de estarem à disposição de toda e qualquer pessoa no mundo.

Gestão do conhecimento

Para que seja eficiente, este compartilhamento deve ter início dentro da própria organização. As informações necessitam circular pela empresa para que não se percam oportunidades. E eventuais oportunidades estão disponíveis para grupos e interlocutores integrantes de organizações que têm o hábito de olhar além de suas paredes e cujo conhecimento é construído com o auxílio de seu rol de colaboradores naturais.

O exemplo mais conhecido desta horizontalização da informação é o YouTube. Nele, tudo o que é disponibilizado está ao alcance de todos. E com um detalhe: cada um pode disponibilizar o que quiser. A tecnologia da informação, portanto, permite que hoje todos possam ser agentes da informação, mesmo não sendo profissionais do setor. Hoje é comum, por exemplo, a atitude de portais noticiosos em abrir canais onde o internauta relata fatos e encaminha até fotos ou vídeos como colaborador.

Mas um detalhe, em especial, deve-se levar em conta: sem planejamento e organização será extremamente complicado e difícil o processamento proativo destas informações. A gestão do conhecimento, portanto, é fundamental para que a informação adquirida e compartilhada se transforme em vantagem competitiva.

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Empresário e diretor técnico da Master Case Digital Business, Campo Grande, MS