Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A ‘retratação’ da Veja

Como leitora assídua de Veja e as demais revistas do país, fiquei impressionada ao ler a edição nº 2004 (de 18/4/2007) do semanário da Editora Abril e ver que a revista não faz justiça e não se redime perante um erro injusto cometido com jornalista Leonardo Attuch. Foi fraca a resposta em comparação ao grosseiro ataque cometido.


Não estou aqui para defender ‘A’ ou ‘B’, mas para demonstrar minha indignação, junto aos fóruns adequados, contra os abusos autofágicos de quem acha que detém o chamado ‘quarto poder’.


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A primeira nota (22/2/ 2006)


O mais vendido


Investigado pela Polícia Federal por atividades ilícitas, o negociante de notícias Leonardo Attuch está envolvido em uma nova fraude. Há três semanas, um volume de ficção de sua autoria, intitulado A CPI que Abalou o Brasil, apareceu nas listas de mais vendidos classificado equivocadamente como não-ficção. Só isso já seria estranho. Mas, como tudo o que circunda o investigado, as zonas de sombra desse caso são mais densas do que parecem. Na semana passada, desconfiados de que o desonesto volume pudesse estar tendo suas vendas fraudulentamente infladas, repórteres de Veja foram investigar a correção dos dados enviados pelas livrarias. Bingo! Descobriu-se que a livraria Siciliano, dona do selo Futura, que publicou o indecoroso panfleto ficcional, fornecera à imprensa dados manipulados, jogando para cima as cifras de venda. Se elas ainda fossem referentes ao autor, vá lá. Mas ao livreco? Bem, o fato é que a vendagem do panfleto ignominioso (452 exemplares em uma semana) divulgada pela Siciliano – superior à de outras quatro grandes redes somadas ao longo de mais de um mês – era tão falsa quanto a produção do quadrilheiro que deve satisfações à polícia.


Veja pediu explicações à Siciliano. A resposta veio na forma de uma nota oficial: ‘Constatamos que houve um erro de informação na lista referente ao período de 6/2 a 12/2. Por um erro de cadastro no sistema, foram computadas, além das vendas internas (nas lojas Siciliano), as vendas para redes de livrarias e distribuidores. Isso ocorreu somente com o título A CPI que Abalou o Brasil‘. Foram dados, portanto, como vendidos livros que estão apanhando poeira em estoques. A nota termina assim: ‘Favor considerar, como venda total nas livrarias Siciliano, 84 exemplares’. Com os dados corretos – ou seja, 368 exemplares a menos –, o volume ficcional não teria sido alçado a nenhuma lista de vendagem. Até que a fraude seja completamente esclarecida e a Siciliano, inocentada de cumplicidade com o novelista investigado que ela publica, Veja decidiu não computar os dados daquela livraria na elaboração de suas listas. Leonardo Attuch, porém, continua à venda.




A segunda nota (18/4/2007)


Veja publicou em sua edição de número 1 944, com data de 22 de fevereiro de 2006, um texto intitulado ‘O mais vendido’, no qual consta a informação de que o jornalista Leonardo Attuch, editor das revistas IstoÉ Dinheiro e Dinheiro Rural, estaria devendo satisfações às autoridades policiais. Em um episódio pretérito, a respeito do ‘caso Kroll’ o nome do jornalista foi citado como autor de determinadas reportagens, mas ele jamais foi denunciado ou indiciado pelas autoridades que investigaram tal assunto. O livro publicado por ele, intitulado A CPI que Abalou o Brasil, editado pelo selo Futura, do grupo Siciliano, teve seu volume de vendas alterado, o que mereceu sua exclusão da lista de ‘Mais Vendidos’ da revista Veja. O relato da Siciliano exime o jornalista Leonardo Attuch do episódio. O jornalista também jamais foi indiciado pela Polícia Federal ou por qualquer outra autoridade policial pela prática de qualquer tipo de delito.

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Assessora de comunicação, Brasília, DF