A voz continua a mesma, mas o seu ‘corpitcho’!!!
1980. O jornalista mineiro Fernando Gabeira volta do exílio da Suécia e quer ir à praia. Sem roupa de banho, nem mesmo um calção, diz a lenda que ele pediu socorro à prima Leda Nagle, que lhe emprestou uma tanguinha lilás de crochê.
A foto é destaque em toda a imprensa e até hoje (literalmente) é reproduzida.
2008. Depois de chegar ao segundo turno nas eleições para Prefeito do Rio, Gabeira volta a ser ‘flagrado’ usando roupa de banho. Ou melhor, uma toalha de banho, que enrolou no corpo após tomar banho na piscina do Flamengo.
A foto é destaque em toda a imprensa. E tudo indica que vai ter vida longa.
Dois tipos de comentários:
1.
‘Ele fez de propósito para aparecer e virar notícia’.2.
‘A Imprensa fez de propósito para prejudicá-lo, para passar a imagem de que ele é gay‘.Façam suas apostas.
Eu era repórter de O Globo nos anos 80. Depois de alguns meses de marasmo, cobrindo o final do governo Chagas Freitas, que não falava com a Imprensa, fui escalado para cobrir o Palácio Guanabara, durante o primeiro governo Leonel Brizola. Como diria Evandro Mesquita, da Blitz: ‘Que felicidade!’. Passei a dar primeira página quase todos os dias.
Um dia, Brizola se recusou a atender professores em greve, e se ‘escondeu’ em casa ou no outro Palácio, o Laranjeiras, que usava para audiências e reuniões e eventos. Primeira página. Com direito à ilustração de humor. No outro dia, foi para o exterior sem comunicar à sua própria equipe, e um de seus assessores esqueceu um bilhete em cima de uma mesa, informando aos colegas que ‘o governador viajou, sem avisar ninguém’. Outra primeira página. Um garçom de um restaurante da cidade foi ao Palácio Guanabara cobrar do secretário de Governo Cibilis Vianna outra conta pendurada do cacique deputado Mário Juruna, eleito na ‘onda’ brizolista. E tome primeira página! E foram muitas.
Não quero discutir a questão política da candidatura de Gabeira e suas alianças. Mas se ainda estivesse no Globo trabalhando como repórter, é claro que eu torceria pelo Gabeira.
De um lado, Eduardo Paes, todo certinho, todo arrumadinho, educado, bem vestido, com frases feitas. Um autêntico ‘mauricinho’. Ou um ‘bundinha’, como disse Leonel Brizola certa vez, ao se referir ao deputado federal Rubem Medina, então candidato do PFL à prefeitura do Rio. De outro lado, um ex-guerrilheiro, ex-seqüestrador, defensor do consumo de maconha, com fama de ‘gay’, mas que escreveu um livro chamado ‘O crepúsculo do macho’. Virou deputado federal, foi reeleito várias vezes, destaque na mídia ao pedir o impeachment do também deputado Severino Cavalcanti. Quem vai esquecer a frase: ‘V. Excelência está em contradição com o Brasil, sua presença é um desastre para o Brasil. Ou V. Excelência fica calado, ou vamos iniciar um movimento para derrubá-lo’?
O que vem mais por aí? A imprensa vai estar de olho. E gostando. E o que é bom para a imprensa,é bom para a prefeitura do Rio.
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Jornalista e professor da Facha, no Rio de Janeiro