Quando há eleições no Brasil, raros são os colunistas e comentaristas políticos que declaram o seu voto – preferem buscar a eqüidistância e ganhar credibilidade. Estão certos, certíssimos.
Mas nesta empolgante temporada eleitoral americana, muitos jornalistas brasileiros sentem-se à vontade para manifestar simpatias por este ou aquele candidato dos EUA, mesmo sabendo que a corrida eleitoral mal começou. Acreditam que as manifestações de um jornalista brasileiro jamais poderiam influenciar os eleitores americanos.
Erram duas vezes: primeiro porque a disputa eleitoral americana é tão fascinante justamente porque é equilibrada. Ora, se o jornalista antecipa o seu voto nove meses antes do pleito retira dele todo o seu potencial de suspense, toda a riqueza e o esvazia inapelavelmente.
Por outro lado, mesmo que não estejam influindo diretamente nas eleições americanas mostram aos seus leitores brasileiros que são incapazes de se manter acima das paixões. Isso é ruim para todos, sobretudo para a credibilidade do nosso jornalismo.