Na edição do dia 21/9/2005, a Veja apresenta reportagem sobre a insustentável versão de Severino Cavalcanti e de sua assessora de que o dinheiro recebido do empresário Sebastião Buani seria para a campanha eleitoral de Severino Cavalcanti Júnior, morto no ano passado.
Realmente, essa versão de Severino Cavalcanti é muito fantasiosa. Porém, mais fantasioso e irresponsável ainda é o comportamento da própria revista, que comparou o ex-deputado a Paulo Maluf. Ela afirma que ‘os Maluf estão presos por coação de testemunha e tentativa de obstrução da justiça, mais ou menos o que Severino fez com sua secretária durante sete horas na residência oficial da Câmara’. O ‘mais ou menos’ só foi colocado no texto para tirar o impacto da ilação.
‘Excelência’
A revista se esquece ou finge que se esquece de que Maluf está sendo acusado ‘também’ de corrupção, formação de quadrilha, evasão de divisas, desvio de dinheiro público, entre outras acusações. Não foi isso que a Veja deu a entender: ela quis minimizar acusações sem argumentos convincentes, e fez uma comparação irrelevante para a compreensão do momento que o país vive.
Aliás, a Veja, nesta reportagem, não estava nem um pouco interessada em informar sobre o fato em si. Ela utilizou boa parte da matéria para fazer sua defesa, já que, entre todos os veículos midiáticos, é um dos mais criticados na cobertura da crise política. É preciso lembrar que toda essa crise foi desvelada pela própria Veja, no caso dos R$ 3 mil dos Correios, em que seus interesses e o trabalho do repórter Policarpo Júnior não ficaram muito claros.
E finaliza a matéria de maneira prepotente e pretensiosa: ‘O fato de (Izeilton Carvalho, gerente financeiro de Buani) ter escolhido dar seu depoimento à Veja – mesmo sem receber nenhum tostão em troca – talvez explique a excelência do trabalho jornalístico que a revista sempre busca.’
Infelizmente, nem todos os leitores conseguem perceber essa ‘excelência’.
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Estudante de Jornalismo