No dia 2 de outubro de 2009, o Comitê Olímpico Internacional divulgou a escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Passado o ufanismo do povo brasileiro e da imprensa nacional, salvo raríssimas exceções, a cidade maravilhosa mostra que de maravilhosa não tem nada, a não ser o vídeo produzido por Fernando Meirelles, que deveria ganhar o ‘Oscar’ de efeitos especiais e pode ser considerado principal responsável pela vitória do Rio sobre Madri, Chicago e Tóquio, em Copenhague, na Dinamarca.
Menos de um mês depois da escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016, a cidade carioca mostra sua verdadeira face. A cidade mais violenta do Brasil, onde os traficantes mandam e desmandam, mais que os governantes e as autoridades. A zona de perigo carioca se tornou tão audaciosa a ponto de derrubar um helicóptero da polícia militar e deixar exposto corpo de um bandido da facção rival dentro de um carrinho de supermercado. O mais preocupante é não poder confiar nas autoridades, que no lugar de proteger a população acabam se tornando parceiras dos bandidos, a ponto de se envolver em assassinatos e não prestar socorro a uma vítima ferida, deixando-a morrer e tomando como seus alguns de seus pertences, como na caso do assassinato do líder do Afroreggae.
Tudo será esquecido
Não se deve generalizar, é claro. Mas como se deve sentir um policial honesto que coloca sua vida em risco todo o dia, sai para trabalhar e vê os terroristas com armas com poder de fogo 10 vezes maior do que as suas? Além de não saber em quem confiar, pois sabe que existem muitos infiltrados do tráfico em sua própria corporação.
Como se não bastasse toda a problemática da violência, ainda há os escândalos da administração corrupta do comitê organizador do evento, liderado por Carlos Nuzman. Graças a ele, os esportes olímpicos estão à beira da falência, com atletas promissores sem o menor apoio do COB.
O que mais me incomoda é o apoio maciço que a imprensa atribuiu à escolha dos jogos, pois qualquer pessoa com o menor senso crítico sabia que se o Rio não fosse escolhido, era certa a saída de Nuzman do comando do COB. Mas, com a escolha da ‘cidade maravilhosa’ como sede, o próprio Nuzman não tripudiou ao afirmar que teremos que aguentá-lo por mais sete anos.
A imprensa ‘torcedora’ está tomando conta dos veículos de comunicação, deixando de lado toda a crítica e sendo guiada pelo senso comum. Mas ainda temos sete anos até os Jogos Olímpicos no Rio. Até lá, provavelmente as autoridades terão feito um pacto com o tráfico, as pessoas já terão esquecido os atentados terroristas realizados em território carioca e toda corrupção na organização do evento será esquecida tempos depois, assim como aconteceu com os Jogos Pan-Americanos, de 2007.
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Estudante de Jornalismo, São Paulo, SP