A Folha de S.Paulo surpreendeu seus leitores no domingo (9/3) com uma edição vibrante e destacada das coberturas de rotina. A diferença, basicamente, está em duas reportagens sobre temas que andaram ocupando os jornais durante a semana anterior.
A primeira, mais óbvia, foi o envio de repórteres às fronteiras da Colômbia com a Venezuela e o Equador. A segunda, que traz uma abordagem nova para o debate em torno das pesquisas com células-tronco, conta a história de um bebê gerado a partir de um embrião que ficou congelado por oito anos. Nos dois casos, o jornal paulista simplesmente se desviou do curso comum do jornalismo contemporâneo e decidiu apresentar aos leitores uma visão diferente de dois temas que vinham se tornando repetitivos.
No caso das reportagens sobre o conflito que vem agitando a diplomacia na América Latina, nada de inovador em mandar repórteres ao local dos fatos. Mas a simples prática do relato direto, que anda ausente dos jornais há muito tempo, surpreende e agrada o leitor, pois demonstra que o diário está disposto em investir naquilo que o cidadão espera quando o adquire: mais informação e menos opinião.
Ciência e Justiça
A história de Vinícius, nascido há seis meses de um embrião que permaneceu congelado por oito anos, revela a preocupação do jornal de tirar um pouco o foco de cientistas, religiosos e curiosos em geral que vinham dominando o debate sobre as pesquisas com células-tronco.
Vinícius é um bebê saudável, gerado a partir de um embrião que seria descartado em pouco tempo, e nascido prematuro. Sua mãe é católica praticante, mas favorável ao prosseguimento das pesquisas.
A reportagem coloca um pouco de humanidade num debate que vinha sendo minado, de um lado, por preconceitos religiosos, e de outro pela frieza da ciência e da Justiça.
Nada extremamente ousado ou inovador. Apenas a velha e boa reportagem.