Fundada em 1953, a Rede Record de Televisão é atualmente a emissora que mais cresce no país. Só em 2007, a emissora teve um aumento de 18% em audiência, segundo levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística – Ibope. Contudo, o caminho da liderança é maior do que a Record imaginava e estar em primeiro lugar na preferência do telespectador vai exigir mais do que grandes investimentos e vontade. Ainda que a vice-liderança seja contestada, não há dúvidas de que os esforços feitos até aqui surtiram grandes resultados. Basta constatar que saiu de um insosso quarto lugar de oito anos atrás e mantém uma briga diária pela consolidação do segundo lugar em que se encontra hoje.
Assim como para chegar à vice-liderança foi necessário acreditar ser capaz de ser a líder, para chegar à liderança será necessário mais do que ser líder; será necessário ser a melhor. E para tanto a Rede Record deverá ser capaz de fazer com que o brasileiro médio – o povão – mude de canal. Existe uma parcela enorme da população brasileira para quem ver televisão é mais do que simples distração, é um hábito! A única forma de lazer, a única fonte de informação. E para a quase totalidade desta parcela, ver televisão é ver a Rede Globo, a novela é a novela da Globo, o jornal é o jornal da Globo.
Em 2007, a Rede Record ditou o ritmo das televisões abertas. Incomodou todo mundo: Globo, SBT e Bandeirantes (Band), que acabaram entrando, sem querer, em uma espécie de dança das cadeiras pela preferência do público. Não foi por acaso que a Rede Record foi a emissora que mais cresceu no ano passado: os 18% de aumento em sua audiência são reflexos dos enormes investimentos feitos pela Rede Record, que vem herdando público – tanto da Rede Globo, quanto do SBT. No mesmo levantamento feito pelo Ibope, foram apontadas perdas de 13% de público pela Rede Globo e 16% pelo SBT. O público brasileiro vem mudando nos últimos anos e conquistá-lo será o verdadeiro desafio da Rede Record.
O caminho é longo
2008 começou com muita expectativa em relação aos próximos passos da emissora a caminho da liderança. Parecia que seria o ano em que a Record avançaria com tudo sobre as demais. Mas o que se vê até o momento é um acertado e coerente pé no freio na euforia de ser líder. Contudo, o pé no freio não foi nos planos de ser líder, e sim na euforia que veio junto com o grande crescimento que a Rede Record vem vivendo.
Antes de estar na liderança, será necessário sedimentar a vice-liderança. Consolidar os êxitos. E isto é o que exala da programação da Rede Record em 2008, uma aposta no está dando certo, tendo bons resultados. O que ficou muito claro com a continuação da novela Caminhos do coração, que terá uma segunda fase, aproveitando o grande sucesso da primeira.
Mesmo não sendo a emissora dos sonhos de muita gente, o poderio bélico da Rede Globo é muito maior do que o de qualquer emissora atualmente no Brasil. Ser capaz de ser tão boa quanto a líder poderá ser uma realidade, mas ser melhor vai exigir muito tempo e muito dinheiro. O caminho é longo e, às vezes, será necessário fazer uma parada para retomar o fôlego e continuar.
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Crítica de televisão, Brasília, DF