Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

A grande mídia está morta

‘A grande mídia está morta; de sua compaixão pelo homem a grande mídia morreu’


Aos incansáveis… ou, sei lá… aos privilegiados da nossa ‘era’… mais que um artigo… um desabafo… populista… maniqueísta… pensando, abstraio a cultura e a política… por rever a política e a cultura… as quais – em uma concepção antropológica contemporânea – devem ser identificadas como células de um mesmo corpo… de um corpo social que deve superar a caquética segmentação positivista e o estado patológico de qualquer fundamentação axiológica expelida pela nossa mídia de massa… o zumbi de nossos tempos… com seus ícones degradados – estética e intelectualmente… tortos de botox… tortos de princípios… cegos pela ignorância da ética… relembro fatos… adentro nesse corpo morto (cada vez menos) e não consigo encontrar elos… motivos para esta sinfonia de poderes simbólicos desorientadores da massa… que numa mesma marcha seguem para o abismo…


Interessante é colocar a nossa realidade sob os pensamentos de Régis Debray, em sua obra L’État séducteur… ele tem um quadro em que divide a história a partir da ‘monarquia feudal’ até o período da ‘democracia 2000’… nele o nosso tempo é o da ‘videosfera’… num interessante quadro de classificações o autor determina os controladores (comunicação/empresas)… o lugar ideal de exaltação (a televisão)… dentre outros eixos problemáticos… resumindo… fala do poder que possuem os meios de comunicação de massa nas sociedades hodiernas… o proliferador de verdades incontestáveis… e quando a pobre Maria é questionada sobre a veracidade de seu conto na esquina de algum lugar… com a confiança de um expert no assunto ela diz ‘é verdade, eu vi ontem na TV’… e o interlocutor cala-se… e pensa… ‘é verdade’… a ‘Morta’… com seu discurso politicamente correto tem soldados obedientes… os pequenos pastores ‘plastificados’ acreditam serem os novos líderes de nosso país… volto a relembrar o baixo escalão da ‘Defunta’… estou fora do país há dois anos… não sei se ainda passa essa comédia… desculpem a imprecisão de alguma informação… mas não tem problema… esse anfiteatro com seus respectivos atores sociais não tem nenhuma importância histórica… havia um programa no SBT em que se discutiam os problemas do nosso país… os politólogos eram Hebe Camargo… Adriane Galisteu… um tal de Cajuru… e mais alguém de igual sabedoria…. onde chegamos… pelo amor de Marshall McLuhan… por último vi um espaço cedido pela Folha de S. Paulo ao Luciano Huck, indignado com o roubo de seu rolex… dizendo que paga todos os seus impostos… que tem uma ONG… blábláblá… e que tinha pena, caso ele morresse durante o roubo, dos criminosos… pois, imaginem, mataram o grande Huck… essa perda seria chocante… diferente das mortes de todos os dias da nossa velada guerra civil que implora uma maior igualdade social… o problema é o discurso do bom samaritano… o exemplo a ser seguido… no embalo do título deste texto… usamos Nietzsche… o absurdo é a Grande Mídia na função ‘dos melhoradores da sociedade’… quanta bobagem…

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Cientista político, especialista pela Universidade Nova, de Lisboa