Thursday, 14 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

A mídia na luta contra a Aids

O reality show Imagine Afrika, que começará em breve sua segunda temporada na África, reúne 12 jovens selecionados entre 10 mil inscritos que percorrem o continente avaliando problemas e propondo soluções, incluindo o combate à epidemia de Aids. Segundo o produtor Michey Dube, os participantes são divididos em três equipes que vão para o oeste, sul e sudeste da África. A cada episódio, as equipes se deparam com um problema diferente – por exemplo, como ajudar uma família que é chefiada por uma criança, como organizar um evento de aconselhamento a portadores de HIV ou ainda como melhorar as condições de saneamento de uma comunidade – e devem propor maneiras de resolvê-lo.

O programa teve sua estréia em outubro de 2007, como parte de uma campanha da African Broadcast Media Partnership Against HIV/AIDS (ABMP), grupo formado por 53 estações de televisão e rádio africanas que se comprometeram a doar 5% de sua programação diária – cerca de uma hora – para conteúdo sobre Aids. As emissoras-membro produzem conteúdo próprio e também divulgam programas produzidos pela ABMP, como é o caso do Imagine Afrika.

De acordo com uma pesquisa realizada em 2006 pela Kaiser Family Foundation e pela South African Broadcasting Corporation (SABC), emissora pública da África do Sul, 90% dos sul-africanos de 15 a 25 anos acreditam que o rádio e a TV têm um impacto positivo na prevenção da Aids. Ainda assim, anos de campanha sobre o tema não conseguiram acabar com o hiato que existe entre as mensagens de alerta sobre o perigo da doença e a conscientização do risco por cada indivíduo.

Mudando o foco

Na opinião de Shereen Usdin, gerente-executiva do Soul City, projeto multimídia que promove a saúde e o desenvolvimento em toda a África, as campanhas de Aids que têm como foco o medo da doença e a morte podem ser, em parte, responsáveis pelo baixo índice de mudanças de comportamento entre a população africana. ‘Há muitas evidências de que campanhas que despertam o medo aumentam o estigma e levam as pessoas a negarem o problema – você encontra maneiras de dizer para si que você não corre risco’, diz. ‘Campanhas anteriores, que mostravam esqueletos e caixões, podem ter contribuído para aumentar a discriminação’.

O Imagine Afrika funciona de outra maneira. Fabian Adeoye Lojede, que desenvolveu o conteúdo do programa, concorda que despertar o medo não funciona para a conscientização. ‘O modelo da ameaça, no qual se mostra pessoas morrendo, não está amedrontando suficientemente aqueles nascidos sob o tema da Aids’, afirma. ‘Não há como assustá-los; eles não se lembram de um mundo sem Aids’.

A primeira temporada do reality show foi exibida na África do Sul durante o horário nobre, mas teve sua audiência aumentada quando foi reprisada durante o dia. O projeto ainda precisa se adaptar às diversas audiências do continente, com suas diferentes línguas e culturas. Os programas da AMBP são produzidos originalmente em inglês; são as emissoras locais que providenciam as traduções e legendas nos idiomas locais. Informações de Irin News [5/5/08].