O que a crise financeira mundial, a recente pandemia do vírus H1N1 (gripe suína), o pedido de concordata de uma das maiores empresas do planeta, o Irã e as ameaças da Coreia do Norte possuem em comum? Além do óbvio de que os fatos listados são intercontinentais, todos requerem um mesmo tipo de herói, um mesmo tipo de salvação e salvador: Barack Obama.
Por muito tempo vem se pregando o fim do império americano, a ascensão desenfreada da China como nova potência mundial e a descentralização de poder econômico. Mas um fato é, definitivamente, um fato: o mundo ainda necessita de uma espécie de figura internacional com quem possa depositar suas fichas, com quem possa contar na hora que tudo sair do controle.
O presidente Obama criou um laço que o diferenciou dos demais líderes políticos. Obama fez sua história só apenas ao assumir a presidência americana, e não durante o mandato ou com ações efetivas que o marcassem como um Kennedy ou um Martin Luther King do novo século. A lua-de-mel do presidente americano lhe rendeu, implacavelmente, a vitória contra seu incolor adversário, John McCain, e sua vice fluorescente, Sarah Palin.
O fim da lua-de-mel
Nos primeiros 50 dias de governo, George W. Bush, ex-presidente dos Estados Unidos da América, ganhou 2 horas e meia de destaques positivos nos principais telejornais da TV norte-americana. Barack Obama, também nos 50 primeiros dias de governo, já tinha contabilizado mais de 16 horas de notícias positivas nos mesmos telejornais. A lua-de-mel entre a imprensa e o ‘candidato da esperança’ criou, literalmente, um democrata como o novo queridinho dos EUA. E mais, na verdade um queridinho de todo o mundo.
Entretanto, emissoras que o apoiaram na reta final de sua candidatura ou em todo decorrer da mesma, estão sentindo os efeitos negativos dessa paixão descontrolada. Redes como a CNN despencaram para o 4º lugar de audiência, enquanto canais como a Fox News, republicano e que não dispôs tanto apoio a Obama, subiram para as primeiras posições. O motivo? Segundo Rupert Murdoch, presidente da News Corp, grupo dono da Fox News, sua audiência teve grande subida porque quem não votou em Obama agora irá pressioná-lo na busca por erros e crises.
Há cerca de duas semanas, Barack Obama discursou na Universidade do Cairo. A mídia classificou sua fala como histórica e inesquecível. Histórica, por quê? Qualquer presidente americano que sucedesse George Bush teria o dever moral e ético de seguir caminhos opostos aos seus. O óbvio para uns é o fantástico para outros meios de comunicação. Analistas já começam a cobrar os resultados dos diversos pacotes de Obama, que vão da economia até toda a reestruturação da educação americana. A lua-de-mel entre Obama e a mídia internacional pode estar chegando ao fim. A alegria ou a doença pode prevalecer somente até que a morte os separe.
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Jornalista, Pindamonhangaba, SP