Depois de anos de estudos acadêmicos, documentários, matérias escolares e debates sobre a ética, tudo o que sobra é uma só conclusão: teoria e prática não andam de mãos dadas. Nas universidades, sempre foi pautada para os estudantes de Jornalismo a importância de agir eticamente. O cenário encontrado no mercado de trabalho é bem diferente dessa realidade e quando se descobre isso mudam-se as perspectivas e os sonhos.
Logo no primeiro dia, você descobre que não poderá escrever com uma visão livre e sobre assuntos que realmente interessem à população. Você vai escrever algo de bom sobre uma empresa ou um governo que pagaram uma página de anúncio ou investigar os erros de um empresário que está atrapalhando a vida do ‘dono do jornal’. Onde está a ética nisso? Mas aí, você volta para a universidade e seu professor (ainda idealista) diz que caso uma coisa dessas ocorra, você deve pedir demissão. Pois bem, e depois da demissão? Quem vai pagar as contas? Como arrumar outro emprego? Será que é mesmo assim que a roda da comunicação funciona? Não, ela não funciona dessa forma. Pelo contrário, você vai escrever as matérias, vai ganhar um salário ruim e se desiludir cada vez mais com a profissão.
Nem bandeiras, nem gritos de revolução
Diariamente, vejo amigos jornalistas formados ou não, mas que já têm reconhecimento, dizer que não faltam empregos na área, que tudo está maravilhoso, que temos, sim, essa liberdade. Doce engano, falam apenas de percepções pessoais e se esquecem dessa grande massa de 80 mil de jornalistas que não tiveram a mesma sorte ou, por que não, a mesma competência. Mas será que competência é realmente o que assegura uma vaga no mercado? Será que os postos de trabalho não são voltados para a indicação?
Caros futuros formandos, a vida é muito diferente aqui fora. Não tem bandeiras, não tem gritos de revolução. É só uma pauta e um computador esperando por você para utilizar essa ferramenta tão importante sem a ética tão esperada e falada.
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Jornalista, Nova Lima, MG